2 de junho de 2021

Os riscos da flexibilização de medidas restritivas | Covid-19

A flexibilização das medidas restritivas implementadas para desacelerar o ritmo de contaminação nos estados e municípios deve ocorrer de modo seguro, quando existe uma redução significativa dos índices de controle da pandemia da Covid-19.

O índice de ocupação de leitos hospitalares, bem como a queda do número de casos são dois indicadores essenciais, que precisam ser observados em um processo de flexibilização de medidas de restrição.

Contudo, alguns estados e municípios tem promovido certo afrouxamento de tais medidas, mesmo em meio a um cenário desfavorável a essa atitude.

Em entrevista à Rádio Excelsior, o infectologista da S.O.S. Vida, Dr. Matheus Todt, defendeu a observação dos indicadores de controle da pandemia para realização de uma flexibilização.

“Realmente, o momento da pandemia não é momento de forma alguma de flexibilização. A gente pensa em uma flexibilização segura quando a gente tem o número de casos caindo, os hospitais com certa flexibilidade para receber paciente e, agora, com a vacinação, se conseguirmos avançar muito na vacinação”.

Ouça a entrevista completa.

Novas variantes

Outro ponto que traz preocupação é o surgimento de novas variantes do vírus e da detecção dessas novas cepas no território nacional

Essas novas linhagens do coronavírus surgem a partir da contaminação descontrolada, pois, quando o vírus se replica ele pode passar por essa mutação. Desse modo, quanto mais alto o índice de circulação do vírus em escala comunitária, maior a probabilidade do surgimento de novas variantes, que podem ser mais agressivas e apresentar um grau de letalidade maior.

“O que a gente tem hoje é um número extremamente preocupante – número de casos – que não está caindo, está se mantendo. Não tem, talvez, uma tendência no aumento de casos, mas os casos estão altos e se mantendo; e os hospitais praticamente todos em colapso, sejam privados, sejam hospitais públicos”.

Um fator que poderia favorecer uma redução no rigor das medidas restritivas é a vacinação. Porém, a evolução no número de vacinados ainda é lenta, há uma escassez no número de doses e falta o insumo necessário para fabricação dos imunizantes. Deste modo, atingir um percentual de vacinados que favoreça uma flexibilização com maior segurança se torna mais difícil.

“[…] até temos uma proposta de vacinação boa, mas muito lenta e faltando insumo toda hora. Estamos vivendo essa falta de insumos já que a gente não se preparou adequadamente quando deveria ter se preparado. Então, nesse contexto de muitos casos, pouca vaga de hospital e vacinação muito lenta, não há dúvida que isso não vá dar bem”.

Até o momento, pouco mais de 21% da população recebeu a primeira dose da vacina. Como as vacinas disponíveis no Brasil possuem um esquema vacinal composto por duas doses, apenas a primeira dose não garante uma proteção imunológica completa. Pouco mais de 10% dos brasileiros receberam as duas doses da vacina até o momento.

Evolução da vacinação favorece a flexibilização de medidas restritivas

Novas ondas

A possibilidade de uma nova onda de infecções também é uma preocupação nesse momento, com alguns países da Europa alertando sobre essa ameaça.

Segundo o Dr. Matheus, estamos vivendo um momento de estabilidade da segunda onda, contudo, essa é uma estabilidade com índices ainda altos e desfavoráveis a uma reabertura. Esse não é o fim da segunda onda de infecções, como algumas pessoas podem defender.

“Primeiro, a gente não ‘está acabando’ a segunda onda, estamos vivendo um momento de estabilidade da segunda onda e, nada impede que haja outras ondas. Se pensarmos em similaridade com a gripe espanhola, houve três ondas de casos. A França já conversa sobre uma nova onda de caos”.

“Se tivermos um novo aumento de casos diante da situação atual que já é de muitos casos, isso realmente vai ser uma catástrofe. A atual conjuntura não é para pensar em flexibilização e, sim, para pensar em tornar as medidas mais restritivas até que a situação esteja mais favorável para uma possível flexibilização no futuro”, defende o infectologista.

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