11 de maio de 2021

Cresce em 35% procura por home care durante a pandemia

Assistência Domiciliar (home care) contribui com desospitalização e é alternativa para desafogar sistema de saúde que enfrenta carência de leitos e maior risco de contaminação por coronavírus.

O número de pacientes atendidos por home care no Brasil cresceu 35%, diante da sobrecarga da rede hospitalar com a intensificação de casos da Covid-19.  De acordo com o Núcleo Nacional de Empresas de Serviços de Atenção Domiciliar (Nead), houve um boom de pacientes egressos de hospitais em março de 2020, o que volta a ocorrer esse ano com maior intensidade.

Neste cenário, os serviços de Atenção Domiciliar passaram a atuar em outras frentes, contribuindo para desafogar o sistema de saúde que se encontra com carência de leitos e risco de contaminação por coronavírus.

Esse movimento nacional de desospitalização também é sentido no Nordeste, de acordo com Fernanda Gama, gerente de relacionamento com o mercado da S.O.S. Vida, que atua na Bahia, Sergipe e no Distrito Federal.

“A alta ocupação dos leitos hospitalares e crescimento na taxa de transmissibilidade do coronavírus impulsionou ainda mais os casos de desospitalização. As operadoras de saúde e hospitais buscaram uma aproximação maior com as empresas de home care para agilizar o processo de internação domiciliar aos pacientes com quadros estáveis que permitam a continuidade dos cuidados técnicos em suas casas, diminuindo o tempo de internamento e liberando os leitos”, afirma.

Continuidade do tratamento

Fernanda explica que o paciente que pode ter a continuidade do seu tratamento em casa é um paciente elegível para o home care, desde que ele tenha o seu diagnóstico firmado e o seu tratamento delimitado. Assim, ele poderá receber a assistência oferecida pela empresa com toda segurança junto ao seio familiar.

Desse modo, o home care reafirma seu papel como um dos elos do sistema de saúde, ao descentralizar as possibilidades de obter uma assistência segura e profissional a saúde, papel antes reservado apenas aos hospitais. Porém, hospitais e empresas de home care não competem entre si. Pelo contrário, se complementam, conforme aponta Fernanda Gama.

“Nesse momento tão delicado que estamos passando, em que a gente observa um crescimento da taxa de ocupação de leitos hospitalares, principalmente por pacientes covid, o home care reafirma seu papel na cadeia de prestação de serviços de saúde, nesse complexo de saúde; reafirmando seu papel como parceiro das instituições hospitalares, como uma possibilidade a desospitalização, a geração de leitos hospitalares. […] Nós mantemos nosso posicionamento de uma possibilidade segura de assistência domiciliar, reafirmando mais uma vez o papel de parceria com as instituições hospitalares”.

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Contudo, nem todos os pacientes podem ser admitidos pela assistência de home care, pois existem critérios específicos para que essa admissão possa ocorrer de maneira segura. A médica Marta Simone Sousa, gerente da S.O.S. Vida de Aracaju explica que o quadro clínico do paciente precisa ser observado, bem como a possibilidade dele receber visitas médicas e de outros profissionais de saúde no seu domicílio.

“A restrição que existe do paciente para home care é mais clínica; um paciente que necessitaria de um monitoramento mais próximo, que está em uma instabilidade clínica, em que no seu domicílio não será possível receber visitas médicas com maior frequência ou outros profissionais também. Então, o paciente precisa ter uma estabilidade clínica para poder ser assistido em home care”.

Mudança no perfil dos pacientes de Home Care

A pandemia também fez surgir um novo perfil de pacientes: os que tiveram Covid-19 e ficaram com sequelas, necessitando de assistência mesmo após ir para casa.  Em muitos casos, pacientes pós-covid precisam de suporte para uso de oxigênio e medicação endovenosa ou para tratamentos de reabilitação, como fisioterapia e fonoaudiologia. No entanto, eles não representam o maior volume de pacientes que foram encaminhados para a Assistência Domiciliar nesse último ano.

De acordo com a médica Marta Simone Sousa, gerente da S.O.S. Vida de Aracaju, também há um movimento grande de pacientes não-Covid e que possuem outras enfermidades, como câncer, doenças neurológicas e degenerativas.

“Antes essas pessoas poderiam ter o tratamento todo concluído no hospital, mas com a falta de leito e risco de contaminação pelo coronavírus, elas estão sendo desospitalizadas com maior precocidade para terminar a assistência em casa”, pontua.

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Além da desospitalização, as empresas de home care também estão atuando no atendimento de quem nem chegou a ser internado.

“Temos alguns casos, onde o médico que acompanha o paciente ambulatorialmente ou no domicílio, identifica a possibilidade de iniciar o tratamento em home care e nos aciona para iniciarmos a assistência, evitando que ele seja exposto ao ambiente de uma unidade hospitalar”, acrescenta a médica.

Outro aspecto observado no contexto da pandemia foi o crescimento da familiarização de profissionais de saúde e das famílias com o serviço prestado pelas empresas de home care, algo que, segunda a médica, fez aumentar a compreensão as possibilidades do cuidado no lar.

“Ainda existem alguns profissionais de saúde que não tem tanto contato e não conhecem as possibilidades de uma assistência em home care. […] Então esse movimento fez com que famílias e profissionais de saúde começassem a compreender as possibilidades que se tem do cuidado em casa, do cuidado em home care”.

Para atender essa demanda crescente, a S.O.S. Vida otimizou seus processos, criou protocolos, intensificou treinamentos, adquiriu novos equipamentos e mobiliário.  Outra ação que se fez necessária foi a otimizar a disponibilidade de coletas laboratoriais para diagnósticos.

“Foram medidas importantes para dar o suporte para avaliação inicial do paciente, dando sequência ao atendimento com agilidade e segurança, para o paciente, seus familiares e também para nossa equipe”, explica a médica Marta Simone Sousa.

Também foi criado um comitê de crise, que semanalmente se reúne para traçar estratégias para garantir a assistência e insumos para atender essa nova demanda.

Jornal A Tarde

Fernanda Gama falou sobre o tema com a reportagem do jornal A Tarde, onde falou sobre o aumento da demanda e do perfil dos pacientes na reabilitação Pós-Covid.

Confira a matéria completa.

Fernanda Gama fala sobre o crescimento do Home Care para o jornal A Tarde

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