17 de abril de 2021

Saúde mental de crianças e adolescentes em tempos de pandemia

A necessidade de seguir as medidas de prevenção a contaminação da Covid-19, como o isolamento social, interrompeu a interação social em diversos espaços de convívio, ao passo que intensificou a permanência em casa, reduziu as atividades de lazer e o contato com amigos.

A adoção de medidas de restrição para conter o avanço da pandemia representou uma ruptura dos hábitos com que estávamos acostumados, e nos impôs uma adaptação acelerada a uma nova realidade.

Essas restrições não impactaram somente a vida e as ações do cotidiano, mas também a saúde mental das pessoas, conforme explica a psicóloga da S.O.S. Vida Cláudia Cruz em entrevista a Rádio Excelsior.

Leia também: Pandemia, Estresse e Saúde Mental

Vulnerabilidade na formação e desenvolvimento

A profissional explica que crianças e adolescentes são considerados grupos de maior vulnerabilidade, por estarem em processo de formação e desenvolvimento, e também por ser nesta fase que 50% dos transtornos mentais iniciados até os 14 anos podem ser desencadeados.

“Neste sentido, é preciso ficar atento aos sinais para interferir e minimizar os impactos na saúde mental. Vale salientar também que as crianças, de uma maneira geral, têm mais dificuldade para dar nome ao que sentem, dificultando a percepção e os sinais de sofrimento psíquico presentes no comportamento”, explica.

Alterações no comportamento

Irritabilidade, inquietação, medo, sentimento de solidão, episódios de choro fácil e alteração no padrão de sono são algumas das reações emocionais e alterações comportamentais mais comuns.

Além desses, o medo da contaminação podem gerar sintomas de ansiedade e obsessividade, sinais que podem ser observados quando há preocupação excessiva com a higienização das mãos e de superfícies. Há ainda a possibilidade de que esses medos desencadeiem outros transtornos que o indivíduo já tem alguma suscetibilidade.

“Diante desse contexto o que pode ser feito? Promover um diálogo honesto. Dar informações para que a criança e o adolescente conheçam a realidade e se sintam mais seguros e preparados para lidar com ela. A linguagem deve ser clara e apropriada à etapa do desenvolvimento. Tal atitude ajuda a minimizar também o estresse” sugere a psicóloga.

Organizar uma rotina saudável e próxima do habitual é outra atitude eficaz, conforme explica a profissional, que recomenda a inclusão de atividades prazerosas, prática de exercícios físicos, alimentação saudável e a manutenção do horário do sono.

“E não esquecer das atividades que movimentam o corpo, que ajudam também a dissipar a ansiedade e melhorar o controle do estresse”, completa.

A inclusão de crianças e adolescentes no desenvolvimento das tarefas domésticas também é algo bem-vindo, desde que sejam compatíveis com as suas habilidades e possa ser realizada de forma segura. A psicóloga Cláudia Cruz explica que essa ação ajuda a estimular a autonomia e a autoestima.

“A Sociedade Brasileira de Pediatria flexibilizou o uso da tela como estratégia para compensar as limitações das atividades de lazer e também o distanciamento social. Contudo, vale salientar que o controle do tempo do uso deve permanecer, além do cuidado para garantir a segurança e adequação do conteúdo”, alerta a profissional.

A psicóloga faz ainda um alerta para os pais, cuja reação influencia no impacto da pandemia. O controle do estresse e das dificuldades da rotina deve partir dos adultos, que devem explicar e tranquilizar os mais jovens nos momentos de tensão. Ela aconselha, ainda, a buscar ajuda profissional quando for necessário.

Leia mais sobre em: Recomendações sobre o uso saudável das telas digitais em tempos de pandemia da COVID-19

Deixe um comentário