1 de setembro de 2021

Pandemia trouxe mais rigor nas avaliações para acreditação

Confira a entrevista com Heleno Costa Júnior, superintendente do Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA), sobre o impacto da pandemia nos processos de certificação e acreditação

O CBA é uma instituição especializada em programas de educação e capacitação de serviços de saúde para melhoria da qualidade e segurança, atuando junto a empresas que buscam processos de Acreditação e Certificação internacionais, sendo o único credenciado para a Acreditação da Joint Commission International (JCI) no Brasil.

A pandemia trouxe alguma mudança nos critérios de avaliação?

Diante da ocorrência abrupta e imprevista da pandemia, se podemos ter evidenciado algum aspecto positivo, no ambiente da acreditação, foi o fato de que as avaliações ganharam mais rigor na sua execução, considerando requisitos como controle de infecções comunitárias e pandêmicas e ainda a adoção de planos de contingências para situações de emergências externas. Os padrões da JCI, por exemplo, já traziam essas exigências em seu conjunto de requisitos, os quais foram agora ressaltados de forma expressiva nessa situação grave e desafiadora que acometeu as instituições de saúde.

Como a pandemia foi absolutamente indistinta no acometimento dos diferentes ambientes e cenários de cuidados em saúde, como o prestado pela S.O.S. Vida, no ambiente domiciliar, com certeza o desafio se mostrou muito maior, considerando as recomendações sanitárias de isolamento e não aglomeração e, nesse caso, a perspectiva é de que as avaliações também alcancem as contingências e adequações que foram necessárias, sem prejuízo da qualidade e da segurança assistencial.

Pandemia trouxe mais rigor nas avaliações para acreditação | Entrevista com Heleno Costa Júnior

Como o Sr. avalia a importância de uma empresa ser reacreditada?

Todas as instituições acreditadas relatam como o real desafio de um programa desse tipo: a contínua necessidade de manter, sustentar e de garantir etapas de reacreditações consistentes. O fato de uma empresa de home care, como a S.O.S. Vida, se submeter a reacreditações regulares, no caso da metodologia da JCI a cada três anos, demonstra que há uma jornada que precisa ir sendo monitorada e mantida em nível de excelência, com aprimoramentos que atendam aos requisitos das avaliações periódicas. A lógica de uma reacreditação é baseada na análise dos relatórios anteriores, buscando-se avaliar a evolução das melhorias realizadas pela instituição ao longo dos últimos três anos.

Leia também: A S.O.S. Vida obteve a reacreditação pela Joint Commission International (JCI), considerada uma das mais rigorosas certificadoras da área da saúde em todo o mundo

Em sua opinião, os usuários dos serviços de saúde já percebem as mudanças advindas com a Acreditação/Reacreditação?

Embora com cerca de duas décadas de implantação no Brasil, a metodologia de acreditação vem mais recentemente ganhando consistência em termos de mercado de saúde no Brasil. As instituições, seus gestores e profissionais já não mais discutem a metodologia, assim como claramente entendem e reconhecem seus benefícios. Trabalhos científicos publicados já denotam o impacto positivo e efetivo da acreditação como melhoria de processos assistenciais e gerenciais. Um exemplo recente, publicado em Outubro de 2020, no International Journal for Quality in Health Care, da International Society for Quality in Health Care (ISQua) em periódico da Oxford University Press* aborda a questão com o título: Uma revisão sistemática do impacto da acreditação do hospital dimensões de qualidade em saúde.

Ainda há, no entanto, um trabalho a ser feito junto à população em geral, mesmo para os usuários das instituições acreditadas, que precisam ser mais esclarecidos sobre esses benefícios que já constam de estudos, como o citado acima.

Vale ressaltar que a ANS já definiu nos guias/listas de credenciados/referenciados, para os usuários dos serviços de saúde complementar, a indicação se o serviço é acreditado ou não, como um item de decisão para a escolha do serviço. Mas cabe ressaltar que o Brasil tem um conjunto de instituições públicas que também já são acreditadas.

Do ponto de vista da segurança do paciente, quais as vantagens de ele ser atendido por uma empresa Acreditada/Reacreditada?

Podemos considerar que o ponto central do programa de acreditação está justamente na perspectiva de se construir graus de conformidades aceitáveis ou satisfatórios de segurança dos cuidados prestados aos pacientes. Os padrões e requisitos da acreditação focam em referências e evidências de garantir o melhor grau de execução de segurança nos processos e procedimentos assistenciais, mediante práticas de controle e monitoramento contínuo ao longo da jornada assistencial ou de um simples procedimento realizado de forma eventual.

Portanto, o paciente tem vantagens em obter atendimento diferenciado, por meio de processos avaliativos válidos e reconhecidos e também pela concessão de um selo que atesta a segurança, de forma consistente e que necessita ser revalidada de forma periódica junto à entidade acreditadora.

A Acreditação ainda precisa avançar no setor de saúde?

Embora reconhecendo uma evolução nas últimas duas décadas, a metodologia de acreditação ainda se tem um substancial espaço a alcançar, uma vez que, na atualidade, considerando as diferentes metodologias oferecidas no mercado brasileiro, somente cerca de 1 a 2% das instituições de saúde são acreditadas. O número de instituições de saúde no Brasil supera a marca de 200.000. No entanto, fica claro que aquelas instituições que já se colocaram como pioneiras e na vanguarda dessa estratégia de acreditar seus serviços, como a S.O.S. Vida, já sentem e demonstram eficiência e eficácia na prestação de seus serviços, seja no âmbito dos processos assistenciais, seja nos aspectos gerenciais.

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