11 de maio de 2021

Nutrição em Home Care: acompanhamento personalizado

O alimento para o indivíduo é fator essencial e indispensável à manutenção e à ordem da saúde. Sua importância está associada à capacidade de fornecer ao corpo nutrientes necessários ao seu sustento. Para o equilíbrio harmônico dessa tarefa devemos fornecer alimentos em quantidade e qualidade adequados, e garantir uma via de oferta para os indivíduos.

Não é incomum que pacientes sob cuidados domiciliares tenham a via alimentar alterada por suas patologias de base e, por conta disso, necessitam de vias alternativas, como a sonda nasoenteral, gastrostomia ou jejunostomia, conforme explica Edneuza Alves do Nascimento, nutricionista da S.O.S. Vida.

“Fazemos a opção por essas vias para completar o aporte nutricional ou para ser a via exclusiva de alimentação”.

Edneuza Nascimento, nutricionista

A dieta é individualizada

A dieta é individualizada e adequada para cada indivíduo, podendo ser industrializada ou caseira (também chamada de artesanal). A escolha se dá através da análise do quadro clinico e demandas nutricionais de cada paciente. Edneuza explica que, geralmente nos hospitais, pacientes em Terapia Nutricional Enteral (TNE) utilizam dieta industrializada por conta da logística da administração do alimento e da segurança alimentar (para evitar contaminação).

“O paciente elegível a cuidados domiciliares encontra-se em condição clínica mais estável e em ambiente favorável, sendo possível então, a partir de avaliação nutricional, definir se ele vai permanecer com a dieta industrializada, artesanal exclusiva ou mista”, lembra a especialista.

Quando o indivíduo não apresenta alterações digestórias, tais como: distensão abdominal, diarreia frequente, perda de peso recente e desnutrição importante, a opção geralmente é pela dieta artesanal. A dieta artesanal é produzida a partir de alimentos in natura, alimentos de verdade, aqueles que nosso organismo reconhece e que faz parte geralmente da alimentação habitual do domicílio.

“Ao administrar uma dieta artesanal, possível para um número significativo de pacientes assistidos em Home Care, conciliamos as preferências alimentares do paciente com os hábitos da casa, o que acaba aproximando a família desse cuidado”, destaca Edneuza, lembrando que são alimentos que geralmente fazem parte da dieta da residência, tornando os custos mais acessíveis.

Benefícios da dieta industrializada

A dieta industrializada também tem inúmeros benefícios e aplicações, no entanto exige indicação criteriosa, explica a nutricionista.

“Alguns contextos clínicos são mais propícios à indicação de dieta industrializada, como: gastroparesia, quando existe uma alteração da capacidade digestória e esvaziamento gástrico; indivíduos com lesões de pele com dificuldade de cicatrização; pacientes com desnutrição importante”.

As vantagens deste tipo de dieta nesses contextos, continua a especialista, se dão por meio da garantia do aporte de macro e micronutrientes adequados, aumentando as chances de recuperação clínica em menor tempo.

“Destaco o teor de proteína destas dietas, que exerce importante papel na maioria destes casos”. Para garantia da eficácia da dieta artesanal a família (ou cuidador) precisa seguir à risca o que é orientado pelo profissional.

“Para garantir o aporte nutricional previsto, o preparo precisa ser executado exatamente conforme a prescrição, em relação à qualidade e quantidade”, destaca a nutricionista, que lembra também da importância dos cuidados com a higiene.

Envolvimento da família

Edneuza destaca que todo o processo é explicado à família já na admissão. A higiene, o armazenamento e a importância de seguir o plano alimentar e todos os detalhes do preparo são esclarecidos pelo profissional de nutrição.

“Quando vamos no domicílio fazemos um plano alimentar segundo o objetivo a ser atingido: se o foco for ganho de peso teremos uma dieta específica, da mesma forma se for cicatrização”.

Edneuza lembra que os pacientes, cujo objetivo é cicatrização, a equipe acompanha os relatórios de enfermagem para analisar a evolução do paciente e fazer as mudanças, se necessário.

“Para admissão, fazemos um alinhamento com a equipe de captação, atrelando o quadro clínico do paciente, a dieta que vem em uso no hospital e a dieta a ser administrada no domicílio – podendo ser industrializada, artesanal ou mista”.

Dieta equilibrada

A médica Cristiara Allem, gestora da Atenção Domiciliar da S.O.S. Vida, destaca que o médico tem uma interferência bem pontual na nutrição.

“Entendemos que cada paciente, alinhado com o quadro clínico, precisa de suporte e componentes necessários na dieta”.

Ela ressalta que geralmente os pacientes que estão em Home Care usam vias alternativas de alimentação, pois têm como base doenças que inviabilizam a ingestão por via oral e de gasto metabólico acima do habitual. Por isso eles precisam ter uma dieta equilibrada, em termos calóricos e nutricionais, para a recuperação de determinadas funções.

A médica ressalta que tanto a dieta artesanal quanto a industrializada são importantes e usadas de acordo com a necessidade do indivíduo.

“O organismo se adapta ao que é oferecido. Em alguns casos está indicado o uso de uma dieta industrializada para ofertar componentes específicos e concentrados e, em outros, a dieta artesanal suprirá as necessidades do indivíduo”.

Cristiara Allem, gerente de Atenção Domiciliar da S.O.S. Vida

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