17 de abril de 2021

Fortalecer imunidade pode evitar agravamento da Covid-19

Já se sabe que cerca de 80% das pessoas que forem contaminadas pelo coronavírus irão desenvolver apenas sintomas leves ou até mesmo ficarão assintomáticas. O ponto chave para o agravamento ou não da Covid-19 é a resposta imunológica do organismo.

Alimentação saudável e equilibrada, atividade física, sono de qualidade e momentos de relaxamento e lazer são alguns dos elementos que podem contribuir para manter o organismo saudável e a imunidade fortalecida.

“Saúde não é a ausência de doença. É todo um conjunto que envolve fatores físicos, psicológicos e sociais, e no qual a alimentação é uma parte importante”, destaca a nutricionista da S.O.S. Vida, Edneuza Nascimento.

Em relação aos fatores que resultam em uma boa imunidade, a médica especialista em saúde da família Ana Rosa Humia aponta que o homem é um ser da natureza e esse vínculo faz parte da trilha que resulta em hábitos saudáveis.

“Isso fica bastante claro na parte de alimentação, pois os alimentos mais próximos da natureza são os mais benéficos, mas também está presente em outros hábitos que devem fazer parte da rotina, como o banho de sol”, completa.

Edneuza e Ana Rosa falaram sobre como fortalecer a imunidade durante a Semana do Cuidado na Atenção Domiciliar.

Assista à palestra completa.

Alimentação protege o sistema imunológico

A nutrição se baseia em alguns pilares, destacou a nutricionista Edneuza Nascimento.  São eles a qualidade, quantidade, harmonia e adequação.

Ela lembrou que o bom estado nutricional não protege contra contaminação pelo coronavírus, mas um “terreno biológico” favorável pode enfrentar de forma mais eficaz várias infecções, ajudando para o não desenvolvimento das formas mais graves da Covid-19.

“Se praticarmos uma alimentação dentro desses quatro pilares já teremos uma nutrição que vai fortalecer nossa imunidade. A boa nutrição é um fator determinante na saúde imunológica do ser humano, sendo fundamental neste momento de pandemia”, argumentou.  

Inicialmente deve-se pensar em eliminar fatores de risco, como tabagismo, obesidade, diabetes, hipertensão e desnutrição. O controle dessas doenças está muito associado a uma alimentação saudável, o que amplia a necessidade desse cuidado.  

Alimentação de verdade

Falar de alimentação saudável, ressaltou Edneuza, é falar de comida de verdade – aquela que não precisa ser desembalada.

“É a comida que estraga, pois se ela estraga é porque tem menos conservantes e agrotóxicos, sustâncias que nosso corpo não reconhece e geram inflamação. O lixo da nossa casa precisa conter muito mais cascas do que embalagens. A base da alimentação saudável são frutas, verduras, tubérculos, oleaginosas, sementes, proteínas magras e hidratação adequada”, ensinou.

Vitaminas e minerais

A nutricionista apontou algumas das vitaminas e minerais que participam do processo de defesa do organismo, indicando as formas de inserir eles na dieta.  

A vitamina D é um desses elementos que não pode faltar no organismo, mas, nesse momento de isolamento social é preciso um cuidado redobrado, pois sua principal fonte são os banhos de sol.

“Deve-se tomar sol pela janela, ou numa sacada, onde for possível, cerca de 15 minutos por dia, expondo os braços. Para fazer suplementação oral de vitamina D é preciso medir os níveis séricos, com a orientação de um especialista”, informou Edneuza.

Outra vitamina importante é a C, que tem ação antioxidante e anti-inflamatória. Ela é obtida na ingestão de frutas e verduras cruas e isso deve ser feito ao longo do dia, para garantir um aporte adequado. Alguns alimentos indicados são morango, goiaba, acerola, amora, laranja e limão. A suplementação pode ser feita de forma emergencial se a pessoa observar que no dia a dia ela não consegue fazer a ingestão adequada.

“Especialmente neste momento de pandemia, pode ser feita a suplementação oral, pois a vitamina C tem baixa toxidade e não causa efeitos colaterais se suplementada”, afirmou.

Semente de girassol, semente de abóbora sem casca e castanhas são alguns exemplos de fontes de zinco, mineral essencial, regulador da atividade antiviral e antibacteriana. No caso de necessidade de suplementação, ela deve ser indicada de forma individualizada.

O selênio também foi um mineral destacado pela especialista como importante para a atividade enzimática do sistema imune. Uma ótima fonte é a castanha-do-pará sendo que uma ou duas unidades por dia já supre a necessidade do nutriente.

Com potencial anti-inflamatório a vitamina A está presente no damasco, cenoura, bife de fígado, óleo de bacalhau, brócolis, espinafre e manga.

A nutricionista destacou também as brássicas que fazem um processo de limpeza no organismo através da estimulação de enzimas do fígado, colaborando para um funcionamento eficiente. Estão presentes na couve, couve-flor, brócolis, espinafre acelga e repolho.

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Importância da absorção

Não se pode falar de nutrientes sem falar de absorção, o que significa falar de intestino, diz Edneuza Nascimento. Ele que é responsável por 80% do nosso sistema imune e deve ser observado de forma individual e constante.

“Isso começa por perceber como você se sente ao comer, se fica com sensação de estar cheio, se tem excesso de gases e observar as fezes. Também é preciso ficar atento aos cabelos, às unhas e à pele, pois podem indicar problemas na absorção.

A boa alimentação ajuda em um intestino mais saudável. A microbiata (flora intestinal) ruim, que não favorece absorção, está associada a produtos industrializados e açúcares, que também estão presentes nos carboidratos como pão, biscoito, bolo, e são substâncias que nosso organismo não reconhece e causam inflamação no intestino. Outro fator importante para a saúde é a alimentação tipo rodízio, no qual todos os dias se ingere alimentos diferentes”, apontou a nutricionista.  

Ações para uma boa nutrição

A especialista indicou algumas atitudes para melhorar a alimentação e absorção, como reduzir ao máximo os carboidratos refinados (pão, bolo, biscoitos, massas), tentar eliminar toxinas ambientais, como agrotóxicos, derivados do plástico e metais tóxicos vindos de panelas, ingerir um média de dois litros de água por dia e dar preferência às proteínas magras como peixe, frango e ovo.

Além disso, os alimentos crus devem ser inseridos na dieta, pois são os mais ricos em vitaminas, e deve-se ter uma alimentação variada, evitando a monotonia alimentar.

“É preciso ainda identificar e eliminar alimentos que causam alergia ou intolerância, pois isso pode gerar inflamação. Esse é um processo individual, pois não estamos falando apenas da lactose o do glúten. Algumas castanhas, e feijões também podem causar alergia, bem como outros alimentos, por isso o ideal é fazer testes”, completa.

Alimentos anti-inflamatórios

Edneuza apontou cúrcuma, própolis, gengibre e glutamina como alguns dos alimentos que combatem inflamações. Indicou ainda aumentar o consumo de alho e de chás.

“Alguns exemplos de chás são gengibre com açafrão, açafrão com limão, sabugueiro, equinácia, gengibre e unha de gato. Os temperos naturais também têm boas propriedades anti-inflamatórias, como a canela, o cravo e outros”, sublinhou.

Dose diária de saúde

A nutricionista falou ainda do uso de “shots” em jejum, que são concentrados de bioativos com potencial anti-inflamatório e antioxidante. Algumas possibilidades são limão com gengibre, limão e cúrcuma e limão e própolis, além do suco verde (limão, abacaxi, couve, gengibre e cúrcuma).

Hábitos saudáveiscorpo fortalecido

Na segunda palestra do dia, a médica especialista em saúde da família Ana Rosa Humia falou sobre a importância de uma rotina de hábito saudáveis para manter a imunidade em dia.

O primeiro destaque foi para a hidratação, pois o baixo nível de água no organismo acarreta um menor volume de sangue, o que atrapalha no funcionamento do coração e de outros órgãos.

“A desidratação pode causar fraqueza, fadiga, dor de cabeça e tontura. Ela afeta principalmente os idosos e crianças que devem ser acompanhados para ingerir a quantidade de água adequada, pois muitas vezes só tomam água quando esta é oferecida”, lembrou.  

Atividade física

A dificuldade em se manter uma rotina de exercícios em casa faz com que muitas pessoas acabem não conseguindo praticar atividade física neste momento de quarentena, mas Ana Rosa salientou a importância dessa rotina.

“Durante o exercício, o corpo produz endorfina e serotonina que estão relacionados à sensação de bem-estar, reduzindo estresse e ansiedade. Existe a dificuldade de se fazer em casa, mas deve-se buscar maneiras, ou locais de baixa circulação de pessoas, com toda proteção necessária. É preciso lembrar que o distanciamento que deve ser mantido para caminhada é de 10 metros, e, para quem está de bicicleta, de 20 metros”, apontou.

Entretenimento e lazer

Segundo a médica, é essencial para saúde manter atividades recreativas, mesmo dentro de casa, sozinho e com as pessoas que moram na residência. Ler, cozinhar, fazer jardinagem e dançar são exemplos citados por Ana Rosa.

“Quem tem criança em casa deve se atentar para que ela não fique apenas nos eletrônicos. É possível fazer brincadeiras, teatro de fantoche, não importa a atividade, o essencial é se entreter, o que promove bem-estar e ajuda a passar o tempo”, sugeriu.

Ela pontuou que não é preciso recursos financeiros para a prática de atividades de lazer e relaxamento – alguns exemplos são lidar com animais, para quem em pets em casa, praticar meditação, ouvir música, ouvir palestras, etc.

“Importante destacar que se a pessoa sentir angústia, tristeza e solidão em uma medida que sai do seu comportamento natural, ela deve buscar ajuda profissional. Também é importante que tenhamos esse olhar para o outro, para apoiar pessoas em dificuldade”, disse.  

Atenção para o sono

Durante o sono o organismo tem várias reações metabólicas, e, a partir da glândula pineal, que regula o relógio biológico, todos os processos que acontecem durante o dia serão disparados, explica Ana Rosa.

“Independentemente dos nossos hábitos, vamos estar com esse processo acontecendo e isso ajuda o bom funcionamento das nossas defesas, fortalecendo sistema imunológico. A privação de sono gera desajustes no nosso organismo e pode causar reações como aumento da pressão arterial, dor de cabeça, aumento da frequência respiratória. Isso sem falar no aspecto psicológico, pois ela causa irritação e estresse”, afirmou.  

Para evitar o problema e ter um sono melhor, é importante estabelecer rotinas durante o dia e nas atividades semanais, regulando horários de trabalho, alimentação, atividade física e sono. Isso ajuda o organismo e reforça o sistema imunológico.

Exagero na tecnologia

Mais do que nunca a tecnologia se tornou uma aliada para se manter as relações sociais e de trabalho. Porém, alertou a médica, é preciso cuidado com o uso excessivo, especialmente no caso das crianças.

“Outro fator que pode causar estresse e ansiedade é ficar o dia todo lendo ou ouvido notícias sobre a pandemia, muitas vezes pelas redes sociais, de fontes não confiáveis. É importante se informar, mas pode-se optar por escolher uma boa fonte de informação e ter acesso a ela uma ou duas vezes ao dia, sem que haja um excesso”, completou Ana Rosa.

Banho de sol

Por fim, a médica também destacou a importância da luz solar, que fortalece o sistema imunológico, regula o sono, e auxilia nas funções cognitivas. Ela indica uma exposição de 15 a 30 minutos por dia. Embora o horário de maior incidência seja próximo ao meio-dia, ela pontou que se pode optar por tomar banho de sol pouco antes das 10h ou depois das 14h, evitando o horário que também oferece mais risco para o câncer de pele.

Exemplo e equilíbrio

As especialistas da S.O.S. Vida responderam também a perguntas sobre o tema. Alguns dos pontos destacados foram a importância de dar o exemplo quando o assunto é hábitos saudáveis, em especial para crianças.

“O exemplo influencia. Além disso é fundamental buscar informação e disseminar essa informação. As mudanças de hábitos devem ser lentas e feitas aos poucos porque aquelas que são bruscas geralmente não perduram”, alertou Ana Rosa.

Sobre a alimentação das crianças, a nutricionista Edneuza salientou que é preciso atenção para excessos na ingestão de carboidratos, e experimentar alimentos mais saudáveis, aproveitando que os pais estão em casa. Para tentar compensar a redução na atividade física dos pequenos, é preciso usar a criatividade para propor brincadeiras mais ativas, nas quais se gaste mais energia.

“Uma dica para fazer alimentos que vão despertar interesse é substituir ingredientes. Por exemplo, para fazer uma calda de chocolate, optar por aqueles com mais cacau. Se for fazer um bolo, misturar outras farinhas como de amêndoa ou de amendoim e aveia, deixar esse carboidrato mais complexo para não causar tanto dano”, aconselhou.  

Ana Rosa destacou que o fundamental é buscar o equilíbrio, observando a frequência e a quantidade de alimentos menos saudáveis como doces e outros que se oferece. “Deixar a crianças comer um brigadeiro um dia não vai fazer mal. A receita é ter equilíbrio”, apontou.

Sobre a qualidade do sono, Edneuza indicou o uso de chás, como valeriana, alimentos calmantes, como maracujá, além de não fazer grandes refeições antes de dormir e reduzir ou retirar o café. Ana Rosa ainda completou que os dispositivos eletrônicos devem ser desligados, luz reduzida e o ambiente deve ser confortável para um sono melhor.

Em relação aos cuidados com a saúde durante a pandemia, Ana Rosa salientou que, se necessário ir ao médico pode-se utilizar o recurso da telemedicina, como também com outros profissionais que já aderiram ao atendimento virtual.

“Não se deve deixar de ir ao médico, se isso for preciso. Se não for possível o atendimento online, se deve ir ao consultório, tomando todos os cuidados  recomendados”, concluiu.

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Semana do Cuidado na Atenção Domiciliar

Com o objetivo de colaborar na disponibilização de informações de qualidade sobre como o cenário da pandemia de Covid-19 pode impactar a saúde de diversas formas, a S.O.S. Vida promoveu a Semana do Cuidado na Atenção Domiciliar, entre 13 e 17 de julho, com palestras de infectologistas, nutricionista, psicólogas e médicos.

Entre os temas, foram debatidos mitos e verdades sobre a Covid-19; manutenção de hábitos saudáveis e de uma alimentação equilibrada para reforçar o sistema imunológico;  como diferenciar Covid de outras doenças respiratórias e quando procurar a emergência; cuidados com a saúde mental e como lidar com as emoções conflitantes comuns no momento atual.

As palestras estão disponíveis no canal do YouTube da S.O.S. Vida (https://www.youtube.com/sosvida).

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