17 de abril de 2021
Fisioterapia em cuidados paliativos: funcionalidade e qualidade de vida para o paciente

Profissionais de fisioterapia atuam para dar autonomia aos pacientes de Cuidados Paliativos.
A fisioterapia tem ganhado espaço na área de cuidados paliativos porque os desfechos hoje em dia têm se concentrado em qualidade de vida, funcionalidade, conforto e dignidade para o paciente. Esta é a opinião do fisioterapeuta Daniel Antunes Alveno, que atua no Hospital Universitário da Unifesf (São Paulo), além de ser professor e doutorando pela própria Unifesp.
O profissional esteve em Aracaju participando do I Congresso Sergipano Multiprofissional de Oncologia, que teve como um dos patrocinadores a S.O.S. Vida.
Na opinião de Daniel, em níveis diferentes de atuação, todo paciente em cuidados paliativos precisa de um fisioterapeuta.
“Às vezes ele demanda um tempo curto de fisioterapia por estar no fim de vida, mas ela é importante e vai fazer diferença”.

Ele dá o exemplo de um paciente oncológico com doença avançada e diminuição de massa muscular. Muitas vezes ele não consegue levantar sozinho e nem controlar o tronco.
“Em muitos casos conseguimos fazer com que esse paciente sente sozinho e tenha uma certa independência em algumas atividades”, diz o especialista, acrescentando que a intenção é deixar o indivíduo o mais funcional possível. “Ou seja, é um paciente que se não tivesse fisioterapia, seu último mês de vida seria em cima de uma cama, deitado”.
Daniel reforça que a fisioterapia consegue dar um pouco de autonomia ao paciente, até para ele participar de seu próprio cuidado no dia a dia.
“Às vezes o fisioterapeuta é o profissional que chega para dar um toque de alívio no sofrimento, de um posicionamento melhor, de um conforto maior”.
Sobre o tratamento em Home Care, Daniel destaca que é importante a interação da equipe, isso porque nem sempre durante a visita do fisioterapeuta todos os profissionais estarão presentes na casa.
“É preciso capacitar a equipe multiprofissional para que tenha um olhar diferente sobre esses pacientes e propor terapêuticas que realmente façam sentido para aquela condição”.

Na visão de Daniel, o fisioterapeuta não é um profissional que vai aplicar uma técnica de forma repetida e protocolar. Ele precisa ter um olhar diferenciado, que proporcione autonomia e qualidade de vida para o paciente.
Uma prova do interesse desse tema na área de saúde é que o próprio Daniel tem viajado bastante para falar sobre o assunto. Só neste segundo semestre já participou de quatro eventos no Nordeste. “Não é uma questão de modismo”.
No Brasil essa especialidade ainda está engatinhando, na visão dele.
“Eu acredito que cuidado paliativo deveria fazer parte da formação básica de todo profissional de saúde. Temos muitas pós-graduações nessa área, mas não deveria ser uma especialidade e sim um conhecimento básico”.
S.O.S. VIDA TEM EQUIPE ESPECIALIZADA
Os pacientes da S.O.S. Vida que precisam de cuidados paliativos podem contar com profissionais especializados no assunto. É uma equipe multidisciplinar que trabalha em conjunto para levar conforto e qualidade de vida.
No caso da fisioterapia, conforme explica a profissional Edna Aragão,que atua na filial de Sergipe há 11 anos, levar dignidade e autonomia para os pacientes são alguns dos objetivos dessa atividade.
“O nosso trabalho tem como finalidade priorizar o conforto, através do controle de sintomas e alívio da dor, bem como o manejo da dispneia. Contribui também para a melhorar a qualidade de vida, dando suporte para que os pacientes vivam o mais ativamente possível e de forma digna” destaca a profissional, acrescentando que a autonomia aumenta a autoestima do indivíduo e auxilia no tratamento.
Edna ressalta, entretanto, que o fisioterapeuta não atua sozinho.
“Todos os casos são discutidos com a equipe multidisciplinar para que sejam encontradas as melhores soluções, ninguém atua deforma isolada. Uma equipe coesa, como a nossa, faz toda a diferença na atenção ao paciente e à sua família”.