17 de abril de 2021

Cuidados são essenciais para evitar novo aumento dos casos de Covid-19

Infectologistas da S.O.S. Vida apontam que descuido de medidas sanitárias na retomada de atividades pode ter efeito desastroso e salientam que a pandemia não acabou.

Máscaras na praia, afastamento em bares, álcool gel no calor. Não há dúvidas de que o “novo normal”, trazido pela pandemia de Covid-19, não combina com o verão.

Apesar disso, a ideia de que o vírus poderia ter menos força no período de calor caiu por terra há muito tempo, e o retorno do aumento dos casos da doença em vários países do mundo e também em alguns estados brasileiros acende um sinal de alerta.

A médica infectologista Monique Lírio, avisa: a pandemia não acabou e a única forma de se proteger do vírus é manter os cuidados.

“Percebemos que, no mundo, ocorreu uma queda dos casos de Covid-19, e, agora, eles voltam a subir. Não sabemos se vamos ter uma segunda onda e como ela vai se comportar, mas o que percebemos é que, quando há um relaxamento das medidas sanitárias, os casos voltam a aumentar.

Sendo assim, para que possamos retomar as atividades de forma segura, a única maneira é manter as indicações e não se descuidar. Dessa forma podemos coexistir com o vírus até que tenhamos outras alternativas”, aponta Monique, que é coordenadora da Comissão de Controle de Infecções domiciliar da S.O.S.

Monique Lírio, infectologista

Segunda onda e aumento de casos

Matheus Todt, infectologista da S.O.S. Vida, reforça que o mito do não efeito da doença no verão já foi descartado e que é importante superar esse pensamento para combater o vírus.

“Em fevereiro de 2020, a gente esperava que o vírus tivesse um comportamento mais benigno nas regiões tropicais. Mas quando ele chegou nas Américas, vimos que tinha a mesma letalidade de outros lugares mais frios. Temos que encarar essa realidade”, explica. 

O médico teme que ocorra um aumento de casos no país durante o verão, sem que isso signifique a tão temida segunda onda, pois só seria possível chamar dessa maneira se o Brasil tivesse conseguido finalizar a primeira onda. Mesmo assim, o efeito pode ser desastroso, ainda mais se somado a um comportamento displicente das pessoas.  

“É um novo pico que surge sem que tenhamos superado o primeiro. E é isso que torna a situação mais preocupante ainda, pois a gente não vê mobilização em termos de saúde pública para abrir mais vagas nos leitos de UTI. O cenário que se apresenta é de um pior segundo momento do que o primeiro”, alerta.  

Infectologista Matheus Todt

Ele destaca que já é possível perceber, por exemplo, o impacto das aglomerações que ocorreram durante o processo eleitoral.

“No sistema de saúde, ele continuará sendo sentido nos próximos dias, o que torna o cenário preocupante. Com o aumento de internação no interior, há o perigo desses casos graves começaram a ser enviados em massa para a capital. Para lidar com esse problema, o isolamento social é a medida mais eficaz, até então”, afirma. 

Confira o Webinar: “Covid-19- O que podemos esperar da segunda onda?”

Perspectivas e Comportamentos

A infectologista Monique Lírio aponta que para que se possa esperar que a Covid-19 apresente um comportamento mais estável, isso depende de que haja um certo grau de imunidade coletiva (ou de rebanho) e que seja seguida a adoção de medidas para frear a disseminação do vírus por parte da população, mas esse alicerce é muito instável.

“Ele se sustenta com as pessoas seguindo com determinados cuidados, como o distanciamento social, medidas de higiene e evitar aglomerações. Qualquer mudança de comportamento por parte da população pode gerar um novo aumento. Então, é possível que ainda leve um tempo para que se chegue nessa estabilidade”, analisa.

Vacinas para a Covid-19

Em 2020, vacina se tornou quase sinônimo de esperança para o mundo. Monique reforça, porém, que os estudos para a criação de vacinas são longos e, mesmo encurtados por autorizações especiais em função da pandemia, é preciso que a vacina se mostre segura e eficaz e que haja vacinação em uma parte considerável da população.

“Hoje temos mais de 150 vacinas sendo testadas em fase não clínica, ou seja, ainda sem teste em humanos. Cerca de 40 já estão em fase clínica. Nas fases iniciais, os testes são para verificar se a medicação tem algum efeito tóxico. Em seguida, vêm etapas que vão estabelecer uma posologia.

No processo final, os testes em humanos têm que ser ampliados para que se possa testar em pessoas com genéticas e situações de saúde e sociais diferentes e avaliar se a imunidade produzida tem o efeito esperado”, explica a médica.

Hoje no Brasil, quatro vacinas estão sendo testadas: a da Pfizer/BioNtech; de Oxford/AstraZeneca; a da Sinovac/Instituto Butantan; e a vacina da Johnson&Johnson. Não há ainda previsão de distribuição de doses.

Retomando a vida, com cuidados

Enquanto os estudos e testes de vacinas prosseguem, mas ainda sem definições sobre a possibilidade de início da vacinação, a única saída para evitar a contaminação pela Covid-19 é manter os cuidados que evitaram a tão temida sobrecarga do sistema de saúde até o momento.

“A quarentena foi necessária e muito importante para evitar o cenário mais grave da pandemia, que é a falta de leitos hospitalares. Agora, que as atividades estão sendo gradualmente retomadas, ter a sensação de segurança e de que a pandemia acabou é um grave erro. O cenário ainda é muito preocupante e as recomendações de proteção são, até o momento, nossa única segurança”, enfatiza.

Por isso, nunca é demais relembrar os cuidados que são essenciais para que todos possam proteger a si mesmos e aos outros.

“Seja o exemplo. Mais do que falar, fazer o correto estimula. Se uma pessoa chega em um ambiente em que todos estão de máscara, ela fica constrangida de ficar sem. Adotar e seguir essas regras é a principal ferramenta para combater o coronavírus e fazer um retorno seguro às atividades”, finaliza Monique.

Leia também: Ebook Coronavírus- Orientações e Cuidados na Atenção Domiciliar

Cuidados preventivos

Cuidados na rua:

– Sempre sair de máscara e se assegurar que ela esteja em boas condições;

– Lembrar que ela precisa ser trocada a cada 4 horas ou quando ficar úmida;

– Não tocar a parte frontal da máscara com as mãos;

– Usar ela corretamente, cobrindo o nariz e a boca;

– Levar álcool gel para uso em locais em que não seja possível lavar as mãos;

– Manter distanciamento de 1, 5 metro das outras pessoas;

– Evitar tocar as superfícies na rua e, sempre que precisar, higienizar as mãos;

– Não cumprimentar com abraços e beijos;

– Evitar elevadores cheios;

No trabalho:

– Desinfetar as superfícies com álcool a 70% ou outros produtos, começando pelas mais limpas e finalizando com as que são mais tocadas. Depois, higienizar as mãos;

– Evitar compartilhar objetos, Se for preciso, higienizá-los;

– Não compartilhar alimentos, bebidas e utensílios;

– Evitar aglomerações nos ambientes, combinando com os colegas uma rotina de uso do espaço;

– Evitar reuniões presenciais. Se não for possível, limitar a quantidade de pessoas, garantir o distanciamento e buscar ambientes arejados;  

Chegando em casa:

– Tirar os sapatos na entrada;

– Retirar a máscara e lavar ou descartar;

– Higienizar as mãos;

– Limpar pertences, como carteira, óculos, crachá, celular, chaves e bolsas;

– Deixar roupas e mochilas e itens pessoais em um local separado;

– Tomar banho e colocar roupas limpas;

Outros cuidados:

– Respeitar a etiqueta respiratória, usando lenços ou a região do antebraço para cobrir o rosto ao tossir ou espirrar; 

– Limpar as patas dos pets quando retornar de passeios;

– Se tiver sintomas como tosse, falta de ar, febre, perda do paladar e olfato e fadiga, evitar sair e procurar um serviço de saúde;

Manter a saúde física e mental:

– Se exercitar em casa ou locais arejados;

– Manter alimentação saudável e balanceada;

– Manter atividades de lazer em casa, como assistir filmes, séries e programas culturais online;  

– Fazer cursos online;           

Covid-19: O que podemos esperar da segunda onda?

No dia 09 de dezembro, às 19h30, os infectologistas Matheus Todt e Monique Lírio participam de um Webinar ao vivo, para falar sobre o tema “O que podemos esperar da segunda onda?”.

O evento tem moderação da gerente da S.O.S. Vida, Marta Simone Souza, e será transmitido pelo canal do YouTube da S.O.S. Vida.

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