11 de maio de 2021
Vacina Covid-19: Infectologistas esclarecem mitos

A vacina contra a Covid-19 já está sendo aplicada em todos os estados brasileiros, um importante passo para o enfrentamento da pandemia causada pelo novo coronavírus.
Mas nem todos estão convencidos em tomar as doses da vacina, muito por conta das fakes news (notícias falsas) que circulam nas redes sociais e grupos de compartilhamento de mensagens eletrônicas.
Ouvimos dois infectologistas da S.O.S. Vida, Dr. Matheus Todt e Dra. Monique Lírio, sobre o assunto e eles explicam tecnicamente alguns dos principais mitos envolvendo a vacinação. Acompanhe a seguir e fique bem informado, com base na ciência.
Dr. Matheus Todt responde:

Vacinas alteram o DNA
Circulam nas redes sociais boatos de que as vacinas contra Covid-19, em especial as genéticas, alteram o DNA. A teoria teve origem em uma declaração da osteopata americana Carrie Madej, que afirmou em um vídeo na internet que “esta tecnologia vai criar uma nova espécie e, talvez, destrua a nossa”.
Resposta: Medicamentos que utilizam manipulação genética não são novidades na área de saúde. Medicamentos para doenças reumatológicas e alguns quimioterápicos utilizam técnica semelhante Não há relatos de qualquer tipo de eventos adversos como esse.
A vacina pode causar outras doenças, como autismo ou doenças autoimunes
Mensagens nas redes sociais afirmam que as vacinas podem causar doenças autoimunes. Outras, afirmam que vacinas em geral causam autismo.
Resposta: Não há qualquer evidência científica sobre o uso de qualquer vacina (ou medicamento) que cause doenças como o autismo. A vacina da Pfizer, por exemplo, tem um risco maior de gerar reações alérgicas sérias em pessoas que já possuam histórico alérgico grave. Essas reações podem ocorrer com vários medicamentos. Uns dos principais associados a alergias graves é, por exemplo, a aspirina.
A vacina da Covid-19 contém chips implantados para controle das pessoas
Uma teoria da conspiração afirma que a pandemia do novo corona- vírus não passa de um plano de Bill Gates para possibilitar a implan- tação de microchips rastreáveis nas pessoas.
Resposta: Existem chips implantados nos celulares, televisões, computa- dores e carros. Em medicamentos, não existe essa tecnologia. A vacina CoronaVac não é segura simplesmente porque é chinesa Desde a divulgação de que a fase 3 de testes clínicos da vacina chinesa CoronaVac seria realizada no Brasil, produzida em parceria com o Instituto Butantan e aplicada na população brasileira, as redes sociais foram inundadas com alegações de que a vacina não seria segura simplesmente por ser chinesa.
A vacina da chinesa Sinovac Biotech utiliza tecnologia consagrada, é produzida por uma gigante farmacêutica, além de ser mais barata e mais fácil de armazenar. Ou seja, é uma das melhores vacinas disponíveis no momento.
Vacina causa infertilidade em mulheres
Viralizou nas redes sociais uma mensagem afirmando que a vacina da Pfizer, em parceria com a alemã BioNTech, causa infertilidade em mulheres. Segundo o texto, uma resposta imunológica contra a proteína spike poderia levar à infertilidade em mulheres por um período não especificado.
Resposta: As proteínas spike não têm semelhanças biológica com hormônios sexuais, por isso não há possibilidade de a vacina (criada a partir desta proteína) gerar infertilidade.
Dra. Monique Lirio responde

A imunidade conferida pelas vacinas contra a Covid-19 dura pouco
O tempo de duração da imunidade gerada pelas vacinas contra Covid-19 e a possibilidade de a pessoa contrair a doença, mesmo vacinada, também são pontos divulgados massivamente por quem busca desencorajar a população a se vacinar.
Resposta: Como é uma doença nova e os estudos sobre a vacina foram elaborados no sentido de determinar sua segurança e eficácia, e não ainda para avaliar a longevidade da imunidade, ainda não se sabe exatamente quanto tempo dura o efeito imunizador da vacina – nem o que vem depois de se desenvolver e curar a doença.
O que sabemos é que, ao contrário da infecção natural, pela qual podemos receber uma dose viral variável (alta, média ou baixa) que produz diferentes níveis de imunidade, uma vacina oferece uma dose pré-determinada que sabemos que causa uma resposta imune forte e adequada, capaz de prevenir a infecção em uma grande porcentagem dos casos.
Uma das grandes vantagens é que as vacinas não causam, na maioria dos casos, os efeitos colaterais de uma resposta imune extremamente robusta, que em muitas pessoas pode ser prejudicial e causar da- nos aos órgãos, especialmente aos pulmões no caso da Covid-19.
Sem vacina, passar pela doença é “uma roleta russa: enquanto para algumas pessoas ela não causa problemas, para outras causa problemas muito sérios. E para outras, efeitos não tão graves, porém duradouros e incapacitantes”. Por fim, outra vantagem da vacina é que, ao fornecer uma dose fixa, é garantida uma “resposta imunológica padronizada” em toda a população. É uma forma de controlar a resposta e não deixá-la ao acaso.

A vacina contra a Covid-19 tem que ter pelo menos 90% de eficácia para ser aprovada
A taxa mínima de eficácia de um imunizante contra a Covid-19 é alvo de boatos e informações desencontradas, com alguns afirmando que se o índice não chegar a 90% a vacina não é eficaz.
Resposta: Uma vacina ideal contra o vírus deve ser efetiva após uma ou duas doses, prevenir pelo me- nos 70%, mas idealmente 80% das infecções, trabalhar em grupos de risco, como adultos e pessoas com condições pré-existentes, garantir uma proteção de, no mínimo, seis meses e reduzir a infecção pelo SARS-CoV-2.
Alguns resultados divulgados mostraram-se promissores. Mas, é claro, que dados como tempo de imunidade e eficácia na população geral (nos estudos, é selecionado um perfil de pacientes) ainda não são conhecidos.
A vacina da farmacêutica Pfizer em parceria com a alemã BioNTech apresentou 90% de eficácia em resultados preliminares. A análise da farmacêutica avaliou que 94 dos 43.538 voluntários que participam dos testes foram infectados pela doença. São necessários 164 casos confirmados para caracterizar a vacina como totalmente funcional.
Já a biofarmacêutica Moderna afirmou que sua vacina é 94,5% eficaz contra a covid-19. O número foi ob- tido após testes realizados em mais de 30 mil voluntários. Destes, apenas 95 pessoas foram infectadas com a doença depois de a vacina ser aplicada. Entre os casos, 90 voluntários estavam no grupo de placebo, enquanto outras 5 pessoas receberam as duas doses da proteção.
Voluntários dos testes já morreram por terem se submetido ao uso das vacinas. A vacina contém na sua composição células de fetos abortados e podem transmitir o vírus do HIV.
Segundo essas teorias, os fabricantes estariam escondendo as mortes de voluntários para não prejudicar a reputação da vacina. Além disso, a composição do imunizante traria células de fetos abortados. Por fim, como algumas vacinas utilizam o adenovírus (Oxford e Sputinik), vetor viral usado nas pesquisas para o desenvolvimento de um imunizante contra o HIV, surgiu essa teoria.
Resposta: A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou instituições e autoridades sobre o que chamou de “infodemia”. Elas consistem em teorias da conspiração, fake news, rumores e outros conteúdos divulgados em torno da pandemia, que contribuem para aumentar os casos e as mortes por Covid-19.
Primeiramente, é importante ressaltar que antes de uma vacina começar a ser testada na população, ela passa por testes de seguranças para definir questões iniciais como dose do imunizante, número de aplicações, dentre outros.
Toda pesquisa é submetida a avaliação de um Comitê de Ética em Pesquisa antes de ser iniciada. Pesquisas que utilizassem HIV como vetor, células de fetos abortados ou que pudessem modificar o DNA sequer seriam aprovadas. Vacinas ou medicamentos que nas fases iniciais de teste não se mostrarem seguras não são liberadas para a fase III, que é quando se aplica a vacina em um número maior de voluntários.
Além disso, existem órgãos que monitoram vacinas e medicamentos depois que eles chegam ao mercado, como o Food and Drug Administration (FDA). É preciso ter cuidado com as informações.
Devem-se utilizar sites confiáveis (de órgãos oficiais de saúde ou revistas científicas) para obter da dos verídicos. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que autoriza as pesquisas clínicas sobre a proteção no país, informou que apenas maiores de idade podem receber as doses. Além disso, a Anvisa afirmou que não houve nenhum relato de mortes nem de reação adversa grave relacionadas às imunizações.
Leia também: Covid-19 – tire suas dúvidas sobre a vacinação
