17 de abril de 2021
Instituições de saúde com Cultura da Qualidade reagem com maior assertividade | Vídeo
Para o Superintendente do Consórcio Brasileiro de Acreditação quem já tinha a cultura da qualidade se adaptou mais rapidamente às mudanças
A pandemia exigiu das instituições de saúde uma rápida adaptação para garantir a manutenção de uma assistência de qualidade. Quem já possui uma cultura de excelência se destaca nesse cenário desafiador, que envolve mudanças rápidas e assertivas para manter o padrão anterior à crise.
Para debater esse assunto tão importante a S.O.S. Vida promoveu nesta quarta-feira, dia 19, um Webinar que abordou o tema “Qualidade e Segurança no contexto atual da saúde”, com as presenças de Heleno Costa Junior, superintendente do Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA), Simara Espírito Santo, coordenadora da qualidade da S.O.S. Vida; e Janaína Régis, gerente de qualidade e segurança do Hospital Cárdio Pulmonar.
O evento, que teve a mediação de Fernanda Gama, gerente de relacionamento com o mercado da S.O.S. Vida (BA), foi transmitido ao vivo pelo YouTube e Facebook.
Assista ao vídeo completo do debate.
O debate começou com uma contextualização feita por Fernanda sobre o cenário atual e depois os participantes responderam perguntas. A primeira delas foi sobre como as instituições criaram estratégias para enfrentar a pandemia.
Janaína foi a primeira a falar, destacando que a Cárdio Pulmonar montou um comitê de enfrentamento interdisciplinar, analisando tanto o cenário interno quanto externo, com base nos dados epidemiológicos sobre a doença. “Criamos um painel COVID, que é atualizado a cada cinco minutos e que embasa e direciona nossas ações”, disse Janaína, ressaltando que foi criada também uma unidade exclusiva para pacientes com problemas respiratórios.
As estratégias do hospital, segundo Janaína, envolvem ainda a segurança não só dos pacientes, mas também dos profissionais de saúde, garantindo o distanciamento e as medidas necessárias para evitar o contágio.
“Estruturamos uma auditoria de qualidade e processos focada na segurança do profissional, fazendo blitz e nos setores. Atuamos rapidamente, um diferencial para quem já possui uma cultura da qualidade”.
A experiência do paciente nesse contexto também foi pensada. “Criamos visitas virtuais, implantamos a central de hospitalidade, uma forma de aproximar a instituição do cliente para que ele se sentisse acolhido e acompanhado, mesmo sem o contato físico em algumas situações”, disse Janaína.
Simara Espírito Santo lembrou que a S.O.S. Vida se mobilizou logo que os primeiros casos apareceram, instituindo um comitê de crise e fazendo um plano de contingência, que já está na sétima versão.
“Fizemos adequações das visitas, pois temos um paciente com perfil de risco, por isso alternamos visitas presenciais e tele monitoradas”.
A coordenadora destacou ainda que as famílias, planos de saúde, fornecedores e colaboradores foram avisados com antecedência e de forma transparente sobre essas mudanças. Além disso, foram distribuídos EPIS para todos os colaboradores.
Outra ação importante foram os vários treinamentos em forma de vídeo e também por meio de plataformas digitais. “Disponibilizamos ainda para o colaborador e sua família um atendimento psicológico para o enfrentamento dessa pandemia”.
Ou seja, o paciente da S.O.S. Vida continuou tendo toda a assistência necessária, mesmo com as mudanças de alguns protocolos. “Ele está longe, mas não menos controlado”, complementou Fernanda Gama.
Heleno lembrou que como instituição acreditadora, o CBA foi testado. “O princípio por trás de uma instituição acreditadora não é a obtenção de um selo, mas a criação de um sistema organizado a partir de certos parâmetros”. Segundo Heleno, quanto mais tempo uma instituição tem de Acreditação muito melhor ela está preparada para enfrentar essa situação.
Heleno ressaltou ainda que é preciso promover uma organização dos processos a partir de um planejamento estruturado. Segundo ele, uma das estruturas, que até esbarra na cultura brasileira, é o simulado de emergência em situações de desastres e catástrofes.
“O manual 2020 para hospitais já trouxe, no capítulo de prevenção e controle de infecções, a abordagem de simulações para o caso de transmissão de doenças em nível global. Ou seja, agora isso é mais que um requisito”.
Na visão dele, as instituições Acreditadas estão se saindo bem nessa pandemia.
“Os relatos que temos é de que as estruturas funcionaram porque já tinham parâmetros e referências que a Acreditação proporcionou”.
Leia o artigo de Simara Espírito Santo publicado no jornal A Tarde: Acreditação e a melhoria contínua no setor da saúde
Cultura da qualidade
Outra pergunta abordou a importância da cultura da qualidade nas instituições.
Para Simara Espírito Santo o processo de qualidade e segurança não é responsabilidade de um setor, mas precisa envolver todos os colaboradores, incluindo a alta direção.
“A S.O.S. Vida já tem 8 anos de Acreditada e isso é perceptível em nossas ações”. Lembrou ainda que foram intensificadas as auditorias e dada uma atenção especial no gerenciamento de risco, com avaliação constante. “Isso foi muito importante para avaliar os nossos procedimentos, corrigido de forma rápida os eventuais erros”.
Heleno lembrou que não foi à toa que na sexta edição do manual da JCI 2014-2017 a principal área de padrões reestruturada e ampliada foi a de “Governo, Liderança e direção”, destacando um novo conjunto de responsabilidades. “Antes era uma atribuição da área de gestão da qualidade e hoje está relacionada na responsabilidade da direção geral da empresa”.
Para Janaína, no segmento de saúde não se discute mais o valor da qualidade e da Acreditação. “O grande desafio é levar para a ponta, empoderar todo e qualquer profissional para que ele entenda que é um agente da qualidade”.
Aprendizados para o “novo normal”
Outra pergunta foi sobre os aprendizados desse “novo normal”. Para Janaína são muitos. Um deles é a incorporação do valor da ciência, além da ampliação da capacidade de resposta rápida e simplificação de processos.
“A pandemia foi um grande teste de nossos valores como pessoas e profissionais, colocando em avaliação a cultura das organizações”.
Já Simara diz que percebeu nessa pandemia que o trabalho remoto é produtivo e eficiente. “A nossa produtividade aumentou muito”, garante. Segundo ela, antes levava muito mais tempo para se criar um protocolo e a pandemia obrigou a empresa a ter mais celeridade. Aproveitou para agradecer a equipe da S.O.S. Vida, que conseguiu em tempo recorde levar qualidade e segurança na assistência para dentro dos domicílios e também internamente.
Para Heleno essa pandemia trouxe como aprendizado que precisamos estar preparados para situações imprevistas e complexas, independentemente do perfil do serviço.
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Comunicação entre as instituições
Uma das perguntas dos internautas foi como estabelecer a comunicação entre as instituições Acreditadas como forma de gerar valor no setor de saúde. Heleno disse que nos projetos de Educação do CBA já é feita uma mobilização, uma troca de experiências entre as instituições.
“Muitas vezes não é necessário inventar algo novo, mas olhar o que outra instituição está fazendo e deu certo, trazendo isso para sua realidade”.
Lembrou que existe um portal da JCI, com uma biblioteca internacional de medidas para monitoramento virtual, acessível a todas as empresas Acreditadas, com processos que podem ser trocados. Por fim, destacou que a JCI está em mais de 100 países no mundo e que essas informações podem e devem ser compartilhadas.