10 de agosto de 2021
Quedas aumentam risco de morte e incapacitação em idosos
Estudos indicam que 5% a 10% das quedas nesse público resultam em lesões graves, e ainda podem causar Síndrome Pós-queda, que pode reduzir autonomia.
Com o passar dos anos, as quedas se tornam mais comuns nos idosos, na mesma medida que são também mais perigosas. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), estudos indicam que a prevalência de pelo menos uma queda por ano na população com mais de 65 anos está entre 30% e 60%. Já nas pessoas acima de 85 o percentual de quedas aumenta em até 34%.
Dados também apontam que as quedas são a terceira causa de mortalidade entre as pessoas com mais de 65 anos no Brasil. Entre as consequências graves estão as fraturas, e pesquisas já indicam que há risco de morte entre 30% a 40% entre os idosos que fraturam o fêmur, além da incapacitação gerada.
De acordo com a geriatra Byanca de Oliveira Souza, que atua na S.O.S. Vida, entre 5% a 10% dessas quedas resultam em lesões graves, e isso também impacta a taxa de institucionalização dos idosos, à medida que eles perdem a autonomia.
“Quando um idoso tem uma queda e fica com alguma sequela mais importante, é mais possível que as famílias optem pela institucionalização diante da exigência de cuidados mais intensivos, pois muitas vezes eles ficam dependentes de forma permanente”, aponta a geriatra.
Byanca salienta que, no trabalho em home care, a prevenção de quedas com os pacientes idosos segue alguns pontos, como a revisão constante das medicações, a adequação do ambiente doméstico para minimizar riscos, a indicação de calçados adequados, além do trabalho de fisioterapia, quando indicado.
“Existem fatores que podem favorecer quedas associados à saúde também, como problemas na audição ou visão, equilíbrio, arritmias cardíacas, doenças articulares e doenças que causam déficit cognitivo. Logo, é muito importante que seja indicado ao geriatra quando o paciente cai com frequência, mesmo que não tenham ocorrido consequências, pois pode indicar algo na saúde que precisa ser tratado”, sublinha a médica.
Quedas de idosos podem provocar uma “Cascata de prejuízos”
A geriatra da S.O.S. Vida de Salvador, Fernanda Reis, afirma que de forma abrangente, as quedas em idosos podem alavancar uma “cascata de prejuízos”, com uma consequência que pode levar à internação hospitalar (como uma fratura), cirurgias, necessidade de reabilitação com longos períodos acamados, tendo como resultado a perda de autonomia do paciente.
A média indica que a atuação da família também é fundamental na prevenção do problema, em especial quando se pensa nos fatores externos e ambientais que podem causar queda.
“Em casa, algumas adaptações como a colocação de barras de segurança nos banheiros, retirada de tapetes ou uso apenas de tapetes antiderrapantes, adequação do acento do vaso sanitário, sendo às vezes muito baixo para os idosos, gerando dificuldade para ele levantar, retirada de mesas e móveis baixos de ambientes de circulação, cuidado com fios e iluminação dos ambientes, em especial à noite, são pontos a se observar”, completa.
Em relação aos calçados a indicação é evitar aqueles que não prendem na parte traseira do pé, não usar meia com sapatos abertos e preferir modelos com solados antiderrapantes.
Atividade física em idosos
A geriatra que atua na S.O.S. Vida de Aracaju, Luana Brandão, diz que atividade física para o ganho de força muscular é um grande aliado na prevenção de quedas.
“A perda de massa muscular é um motivo importante do aumento de quedas ao longo da vida. O exercício, aliado a uma alimentação rica em proteínas, é um dos principais fatores para lidar com isso. É importante, porém, que a pessoa comece a fazer atividade física o quanto antes, pois dificilmente uma pessoa jovem que não tem esse hábito vai adquirir ele na terceira idade”, reforça a médica.
Medo de cair
Luana também adverte que, após ter uma queda, é comum que os idosos desenvolvam a Síndrome Pós-queda que leva a um conjunto de fatores limitantes, inclusive o caminhar de forma incorreta, que aumenta a chance de cair.
A médica Byanca de Oliveira afirma que a síndrome também aumenta a possibilidade de imobilização, não necessariamente por sequelas da queda, mas pelo medo de ter um novo episódio.
Fernanda Reis também acrescenta que o quadro psicológico pode evoluir para a Ptofobia, que é um medo excessivo de cair, fazendo com que a pessoa possa inclusive levar a perda permanente de autonomia do idoso.