17 de abril de 2021
Projeto Para Praia: Cada ano uma nova história e uma nova emoção
Crianças atendidas pela S.O.S. Vida têm a oportunidade de tomar banho de mar
As águas mornas e sem ondas da Praia de Ondina serviram mais uma vez para que pessoas com dificuldade de locomoção de Salvador pudessem tomar um banho de mar monitorados por voluntários do Projeto Para a Praia. A S.O.S. Vida se fez presente pelo quarto ano consecutivo, levando três pacientes pediátricos assistidos no Home Care para essa atividade lúdica.
“Cada dia é uma emoção diferente. Hoje foi o encontro dessas famílias, que trocaram carinho e experiências. Um momento muito gratificante e enriquecedor para todos”.
Destacou a supervisora de fisioterapia da S.O.S. Vida, Andréa Couto, que acompanhou de perto o banho de mar dos pacientes e orientou as famílias.
Envolvimento de todos
A profissional lembrou que os familiares de uma das pacientes, M.L, de 13 anos, foi em grande número para acompanhar a primeira saída dela de casa desde que sofreu o acidente de carro. A adolescente possui uma lesão axonal difusa, que afetou a parte motora.
“Estavam presentes, além dos pais, a avó, a tia, a madrinha, primos e amigos, todos solidários e engajados nessa ação”, destacou Andréa, que aproveitou para agradecer a equipe multidisciplinar da S.O.S. Vida (formada por médicos, enfermeiros, técnicos, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas e Serviço Social,), todos envolvidos nessa iniciativa.
A fisioterapeuta da S.O.S. Vida, Fernanda Fonseca, que acompanhou a adolescente M.L. se emocionou com a iniciativa.
“Hoje a praia teve um significado especial para mim, pois tive o prazer de conhecer M.L e sua família. Eu amo participar desses projetos e tenho muito orgulho em fazer parte da S.O.S. Vida, que que não só inova em saúde, mas olha o paciente e a família como um todo, proporcionando momentos alegres, únicos e especiais. Hoje não foi só um banho de mar, e sim um banho de amor.”
Essa ação na praia faz parte da filosofia da S.O.S. Vida de cuidar de seus pacientes de forma integral, buscando, sempre que possível, inseri-los nas atividades normais do dia a dia, permitindo interação social e melhorando a qualidade de vida. Outras iniciativas similares já foram realizadas, como levar pacientes para assistir a uma partida de futebol no estádio ou para a igreja.
Agradecimentos
Carolina Leal, mãe de P.I.L, agradeceu à S.O.S. Vida pela oportunidade. O garoto ingeriu, por acidente, soda cáustica no ano passado e teve vários órgãos internos comprometidos, como esôfago, traqueia e estômago. Eles moram na Boca do Rio e aguardam uma cirurgia para refazer o esôfago do filho. Sobre a experiência na praia, ela estava bastante feliz.
“Gostei bastante porque é muito bom para ele interagir. É muito bonito o que estão fazendo”.
Isaias Silva Leal, pai do garoto, falou da importância de o filho ter contato com outras crianças e se divertir na água. Como a família morava em Capim Grosso, o garoto nunca tinha ido à praia. Passou a conhecer depois do acidente. “Está sendo excepcional esse momento para ele. É um momento único, inesquecível. A alegria dele é a nossa também”, disse o pai.
O pai da adolescente M.L, de 13 anos, João Mota, elogiou a iniciativa. “É maravilhoso. Dá oportunidade para ampliar as possibilidades de interação social e contato com a natureza”. Ele elogiou os voluntários do projeto, sempre muito solícitos. Lamentou apenas que a praia não mantenha o ano todo uma estrutura mínima para receber as pessoas com dificuldade de locomoção.
A mãe da adolescente W.N., 15 anos, que tem distrofia muscular, Noélia Nogueira, ressaltou a importância de se promover a acessibilidade. “É a primeira vez que ela vem com a S.O.S. Vida para a praia e está sendo muito gratificante”. Ela conta que a filha gosta muito de viajar, além de passear no condomínio onde mora, no bairro de Piatã.
A professora da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública e fisioterapeuta Luciana Oliveira coordena a equipe de voluntários do projeto Para a Praia. Ela lembra que um diferencial deste ano foi a abertura de um edital para a participação de voluntários que não são da área de saúde, desde que fizessem o treinamento. Foram 680 inscritos e uma parte dos que foram capacitados estavam na Praia de Ondina no último sábado, dia 11 de janeiro.
O voluntário Augusto Mariano, 20 anos, estudante de Medicina, era um deles e estava adorando a experiência. Primeira vez no projeto, ele conta que é muito gratificante poder ajudar indivíduos com dificuldade de locomoção. “Quando a gente chega, a pessoa já abre o sorriso e para quem pretende atuar na área de saúde é muito bom ter esse retorno positivo”.
Acessibilidade
O Projeto é uma parceria Público Privada com a prefeitura e várias empresas particulares. Quem chega ao local, seja de ambulância ou levado por algum familiar ou amigo, encontra um piso tátil sobre a areia, feito de borracha, que facilita a locomoção das cadeiras de rodas.
O projeto disponibiliza ainda boias para permitir a flutuação e macarrões de espuma, que servem para dar estabilidade ao troco no mar. A cadeira anfíbia, com rodas de plástico, é que permite o banho.
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