17 de abril de 2021

Porque o novo coronavírus é mais perigoso para os idosos?

À medida que envelhecemos, temos uma redução natural na capacidade de nosso sistema imunológico.

Como resultado, ficamos mais sujeitos a um aumento da incidência de doenças diversas, entre elas, as doenças infectocontagiosas, como no caso da Covid-19, a doença causada pelo Coronavírus.

Esse é o principal motivo que torna os idosos o principal grupo de risco para o contágio da Covid-19.  Patrícia Espiño, coordenadora médica da S.O.S. Vida Brasília, falou sobre o tema para o portal Saúde da Saúde promovido pela Associação Nacional de Hospitais Privados.

Patrícia Espiño

Porque o novo coronavírus é mais perigoso para os idosos? Quais as idades com maior risco?

Patrícia Espiño: Podemos elencar dois principais aspectos que justificam o maior cuidado com os idosos em relação ao coronavírus. O primeiro é o declínio gradual da função do sistema imune.

Sabemos que o sistema imune passa, com o decorrer do tempo, a reduzir sua atividade, propiciando aparecimento e desenvolvimento de infecções – algumas delas ditas como “oportunistas”. Nos idosos, o número de glóbulos brancos (leucócitos) encontra-se reduzido ou com atividade reduzida, e são estas células as responsáveis pela defesa do nosso organismo contra patógenos (bactérias, vírus, fungos, etc).

No caso do coronavírus, está acrescido que ele pode também danificar as células do sistema imune, deixando os idosos em situação ainda mais vulnerável.

O segundo fator é a presença de doenças crônicas. Assim como o sistema imune, outros sistemas vão apresentando alterações nas suas funções e, com isso, há uma maior prevalência de comorbidades – como hipertensão arterial, diabetes e hipotireoidismo. Esses fatores são indicadores de maior debilidade da pessoa e esse fato acarreta casos de infecções mais graves; assim como obesidade e sedentarismo.

Segundo o CDC (Centers for Disease Control and Prevention), as pessoas com idade maior ou igual a 65 anos estão mais suscetíveis à infecção pelo Covid-19, mas também se destacam outros grupos como: habitantes das chamadas Instituições de Longa Permanência; pacientes com doença pulmonar crônica ou asma moderada-grave; doenças cardiovasculares; câncer e condição de imunodeficiência; obesidade (Índice de Massa Corpórea maior que 40); ou presença de certas condições médicas, particularmente se não foram controladas, como diabetes mellitus, doença renal crônica ou doença hepática.

Apesar de o grupo suscetível descrito pelo CDC ser de maiores de 65 anos, o Ministério da Saúde define como grupo de risco pessoas acima dos 60 anos, e aquelas com doenças crônicas, como diabetes e doenças cardiovasculares.

Confira a entrevista completa no site Saúde da Saúde – Anahp

Quais medidas de prevenção devem ser tomadas pelos idosos?

Patrícia Espiño: Assim como toda a população, devem adotar as medidas orientadas pelo Ministério da Saúde e pelo CDC, que são:

– Distanciamento social – evitar aglomerações e fazer viagens

– Lavagem das mãos com água e sabão frequentemente

– Manter distância de outras pessoas quando em ambiente externo

– Evitar contato próximo com pessoas que estejam doentes

– Limitar o tempo de exposição em público – procurar sair de casa apenas para compra de suprimentos (alimentação e itens de saúde/higiene) 

Como os mais jovens e familiares podem ajudar?

Patrícia Espiño: Os idosos estão mais suscetíveis a quadros de depressão e ansiedade e, nesse período, podemos ter um aumento significativo desses casos. Sendo assim, o período de isolamento social deve ser alicerçado pela família para menor impacto.

Algumas sugestões:

– Utilização de tecnologia: muitos idosos não possuem grande habilidade com uso de tecnologias, mas sabemos que as ferramentas de videochamadas podem viabilizar a troca de informações entre familiares, preservando o contato.

– Estímulo à atividade física dentro de casa: além de favorecer saúde física, também propicia uma ambientação social. Durante o período de isolamento, devemos estimular a manutenção das atividades dentro do ambiente, com orientações de alongamento.

– Alimentação saudável: manter-se informado e aproveitar para se alimentar de forma mais saudável e com mais consciência. Nesse sentido, os familiares podem realizar compras online ou solicitar delivery de alimentos com maior valores agregados – dar preferência a frutas e legumes e reduzir a ingestão de sal, açúcar, etc.

– Interação constante : é importante que as rotinas sejam mantidas e é importante que as chamadas telefônicas sejam frequentes para acompanhar qualquer alteração clínica nos idosos e tomar medidas necessárias.

Lembrando que isso não significa isolamento total, pois hoje entendemos que é imperativa a união entre as pessoas e que precisamos buscar meios sábios de interagir, justamente pelo elevado risco de depressão e ansiedade dentro dessa população.

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