11 de maio de 2021

Kit Covid: Infectologista alerta sobre a ineficácia e os perigos

O tratamento contra Covid-19 é um desafio para os profissionais de saúde, pois ainda não existe um procedimento totalmente eficaz, o que faz com que cada caso tenha que ser avaliado e abordado de maneira individual.

Apesar disso, o uso de um conjunto de medicamentos específicos, conhecido como “kit covid”, para o tratamento da infecção tem gerado uma discussão polêmica. Essa discussão se intensifica quando o debate é o uso do kit como método de prevenção a contaminação pelo coronavírus.

É necessário pontuar que diversos estudos – nacionais e internacionais – já comprovaram a ineficácia dos remédios que compõem o kit covid. Apesar disso, alguns médicos têm feito a prescrição desses fármacos de modo equivocado.

Em entrevista ao Jornal do Estado (RecordTV), o infectologista da S.O.S. Vida, Dr. Matheus Todt explicou alguns dos perigos associados ao uso desses medicamentos.

Hoje utilizar kit covid não é uma questão de ideologia, é uma questão de medicina baseada em evidência, é um erro. Infelizmente muitos médicos têm praticado, os conselhos de classe têm sido omissos contra isso. Dar kit covid é iludir paciente e submeter eles a efeitos colaterais potencialmente fatais“, explica o infectologista.

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Além da ineficácia dos medicamentos há a questão dos efeitos colaterais, que podem apresentar sérios riscos à saúde do paciente.

A hidroxicloroquina é um medicamento que tem uma toxidade cardiológica muito grande, então ela pode induzir arritmias graves, potencialmente fatais, mesmo em pessoas que não tem problemas no coração. No começo vimos um aumento de mortes por doenças cardíacas por conta do uso inadvertido da hidroxicloroquina”.

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A ivermectina em uso inadequado pode, inclusive, gerar uma situação de uma hepatite grave, que a única alternativa do paciente sair vivo é transplantar o fígado”.

Os únicos métodos capazes de prevenir a infecção pelo coronavírus são o uso da máscara, a higienização das mãos, o distanciamento social e, agora também, a vacina, como lembra o infectologista.

Tratamento precoce de covid não é remédio, é suporte. Ou seja, se está ficando grave e precisa de oxigênio, eu te dou oxigênio. Se está ficando grave e precisa ventilação mecânica, eu te dou ventilação mecânica. Isso que é tratamento precoce. As pessoas têm se iludido achando que tratamento precoce é um medicamento que ninguém está vendo. Mas se a gente tivesse um medicamento tão bom para tratamento e prevenção, não estaríamos na situação que estamos hoje, de colapso na saúde

Risco à saúde

Tratamento precoce como forma de prevenir a infecção pelo coronavírus não existe e, ao adotar a prática da automedicação acreditando na falsa ideia de que é possível impedir a contaminação com medicamentos sem eficácia comprovada, as pessoas estão colocando a vida em um perigo real.

Em São Paulo, conforme divulgou o jornal Estadão, cinco pacientes entraram na fila de transplante de fígado após usarem o conjunto de remédios conhecido como “kit covid”, composto pela hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina entre outros. Além disso, segundo os médicos ouvidos pelo veículo, o kit é apontado como a causa da morte de outros três pacientes, que vieram a óbito em função de uma hepatite causada por remédios.

Sintomas como hemorragias, insuficiência renal e arritmias também são alguns dos sintomas que têm sido identificados em pessoas que fizeram o uso desse conjunto de fármacos.

Embora a cada dia surjam mais evidências que comprovem a ineficácia desses medicamentos, alguns profissionais de saúde têm prescrito esses remédios de maneira equivocada.

“Há uma desinformação muito grande, muita dessa desinformação tem vinda de profissionais de saúde, médicos desinformados e equivocados prescrevendo esses medicamentos”, alerta o infectologista Matheus Todt.

No caso da ivermectina, por exemplo, o Conselho Federal de Farmácia (CFF) identificou um aumento de 557% nas vendas da droga em 2020 quando comparado a 2019. Ainda segundo a matéria do Estadão, o remédio foi um dos utilizados pelos cinco pacientes que ingressaram na fila de transplante de fígado.

Aumento no número das vendas de remédios com ineficácia comprovada.

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