2 de fevereiro de 2023

Estímulos cognitivos são essenciais à saúde mental dos idosos

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE-2021), o número de idosos no Brasil chegou a 31,2 milhões (o equivalente a 14,7% da população). O Relatório Mundial de Saúde e Envelhecimento revela que o índice de pessoas com mais de 60 anos no Brasil deverá crescer muito mais rápido do que a média internacional. Neste sentido, conclui-se que existe um aumento na expectativa de vida da população brasileira, então, como se preparar para viver mais e com qualidade?

A maioria dos pacientes internados na S.O.S. Vida é de idosos e, muitos deles, já chegam com algum tipo de demência ou doença típica dessa faixa etária, como o Mal de Parkinson, Doença de Alzheimer, Demência do Lobo Fronto-temporal, entre outros. A questão que surge para a equipe de assistência é: De que forma esse grupo de pessoas podem ter mais qualidade de vida, mesmo com as limitações próprias da idade ou de alguma doença?!

A psicóloga da S.O.S. Vida, Claudia Cruz, lembra que o envelhecimento é um processo complexo e individual. As mudanças físicas, comportamentais e sociais desenvolvem-se em ritmos diferentes, sendo a idade cronológica apenas um dos aspectos que podem afetar ou não o bem-estar do idoso. “Á proporção que vamos envelhecendo, as mudanças vão acontecendo e impactando em vários campos da vida, como: físico, cognitivo, social, aprendizagem. O nosso cérebro diminui de peso e tamanho e acaba tendo suas funções comprometidas, como: capacidade de concentração, memória e equilíbrio”, destaca a profissional, lembrando que o organismo precisa se ajustar por conta disso.

A perda de funcionalidade na velhice é algo natural e esperado, reforça a psicóloga. Contudo, o problema é acentuado pelo fato de estarmos inseridos numa cultura que valoriza muito a produtividade. Por isso, quando o indivíduo envelhece e deixa de participar da vida produtiva, ele perde o valor e fica à margem da sociedade. Tal fator pode contribuir para desencadear baixa autoestima e outros sintomas depressivos e de ansiedade.

A psicóloga lembra ainda que tem aumentado os índices de suicídio nesta faixa etária. Ela conta que a pandemia foi um divisor de águas para a saúde mental da população em geral e, sobretudo, a população infanto-juvenil e idosa. A rotina dos idosos foi abalada de forma que deixaram de sair de casa, de interagir com os familiares e amigos, de fazer terapias em geral que contribuíam para estimular a parte motora, ocupacional e emocional. “Isso impactou muito na saúde mental deles”.

Família é fundamental na estabilidade emocional

Para prevenir essas situações, Cláudia Cruz aconselha que a família estimule seus idosos a manter as atividades do dia a dia, como comer sozinho, pentear o cabelo e escovar os dentes, a fim de estimular a autonomia. “Ele precisa se sentir útil, capaz de se cuidar, participar e se sentir inserido na rotina da casa. Tais ações ajudam a manter estabilidade emocional e, assim, evitar os sintomas depressivos, como tristeza, desânimo, apatia, irritabilidade e isolamento social.

Mesmo os que estão acamados e em atendimento domiciliar, Cláudia Cruz lembra que existem algumas ações simples que podem ser feitas para estimular a autonomia, ajudar a melhorar a motivação, preencher a rotina engessada pela doença, como: participar dos cuidados básicos, ouvir as músicas e filmes preferidos, fazer vídeo chamada com amigos e parentes, tomar sol, praticar jogos interativos. “Tudo isso é benéfico para a saúde mental”.

Mas Cláudia Cruz ressalta que não podemos separar a saúde mental da física, pois somos um ser integral. Durante um tratamento todos os aspectos devem ser considerados, inclusive o bem-estar espiritual. “Pesquisas revelam que a fé é um recurso interno que ajuda no melhor enfrentamento de doenças e dificuldades em geral. Para a população idosa, isso não seria diferente. Os idosos que utilizam esse recurso, aderem melhor ao tratamento e têm respostas terapêuticas mais efetivas”.

A especialista da S.O.S. Vida lembra do importante papel da equipe multidisciplinar na promoção dos estímulos que geram bem-estar e melhoram a qualidade de vida dos indivíduos. “A equipe multidisciplinar tem um olhar ampliado e assim consegue oferecer um cuidado integral que valoriza as diversas dimensões do ser humano. Cada especialidade dá a sua contribuição sem perder de vista a integração dos saberes”.    Assim, é possível oferecer um cuidado que ajuda a promover qualidade de vida entre os idosos e na população em geral.

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