17 de abril de 2021

Desprescrição racionaliza uso de medicamentos e aumenta a segurança dos pacientes

Prática comum em países europeus e no Canadá, a estratégia de desprescrição se intensifica na S.O.S. Vida para racionalizar os medicamentos e aumentar a segurança dos pacientes.

Com a pandemia da Covid-19 e a dificuldade de importação de insumos por parte da indústria farmacêutica, essa metodologia se tornou ainda mais importante, ganhando a adesão de médicos, enfermeiros e demais profissionais de saúde da empresa.

Conforme explica a farmacêutica da S.O.S. Vida em Aracaju, Tâmara Natasha Gonzaga de Andrade, a ideia surgiu durante o processo de revisão da padronização de medicamentos e implementação dos serviços clínicos farmacêuticos, em decorrência da Acreditação.

“Percebemos a necessidade de desprescrever alguns itens que não apresentavam benefícios em determinadas situações ou interações medicamentosas relevantes”.

Tâmara Andrade, farmacêutica

Tâmara explica que a desprescrição tem três objetivos básicos, sendo o primeiro deles a segurança no uso dos medicamentos. Visa ainda melhorar a qualidade de vida dos pacientes e por último a redução de custo com o uso mais racional dos itens.

Implantado a metodologia

Foi feita uma reunião com a equipe de médicos e enfermeiros da S.O.S. Vida de Salvador, Aracaju e Brasília e explicada a metodologia. Uma ferramenta elaborada vai emitir um relatório para identificar os medicamentos/materiais em duplicidade ou usados por um tempo muito longo.

“Alinhamos com o médico visitador e o médico da base para que eles avaliem, dentro do próprio sistema, se o medicamento será descontinuado ou não”, destaca a farmacêutica.  

Tâmara lembra que esse processo é individualizado e cada desprescrição vai ser feita de acordo com a necessidade do paciente.

“O médico que está mais em contato com o paciente vai poder validar se existe a possibilidade de retirar algum medicamento da prescrição”.

Automação da farmácia

A farmacêutica ressalta que a receptividade do corpo clínico foi muito boa. “Todos querem o melhor para o paciente, para que ele utilize o medicamento certo na dose certa, na quantidade certa com um custo otimizado”, lembra Tâmara, reforçando que para o uso racional dos medicamentos é imprescindível a colaboração entre farmacêutico, médico, enfermeiros e demais profissionais de saúde que participam da assistência aos pacientes.

Tâmara cita como exemplo a classe de medicamentos chamada de inibidores de bomba de prótons (IBPs), usados para tratar problemas como azia e úlceras estomacais, como omeprazol e pantoprazol. A depender do paciente, ele pode precisar desse medicamento por um longo período. No entanto, em determinadas situações será necessário a utilização por curto período de tempo. Quando a razão para continuar o uso não é clara, o risco de efeitos colaterais pode superar a chance de benefício. “A partir daí, já podemos pensar na retirada do item”, diz a especialista.

Por fim, a farmacêutica ressalta que a desprescrição é parte de uma boa prescrição, pois em diversas situações é preciso recuar quando as doses são muito altas ou interromper os medicamentos que não são mais necessários.

Reforço na filosofia de trabalho

De acordo com a coordenadora da área de suprimentos e logística da S.O.S. Vida, Arauna Itaicy, a desprescrição é uma estratégia bem-vinda para reforçar o trabalho que a empresa já faz no uso racional dos insumos. “Nesse momento de pandemia tem sido fundamental, pois é uma forma de sensibilizar a classe médica para o tema”.

Arauna destaca que os médicos da empresa foram bem receptivos à iniciativa, mas ressalta que é um grande desafio, pois envolve uma mudança de cultura relacionada à prescrição. A coordenadora destaca que a nova prática traz resultados de valor para o paciente e evita o desperdício, pois são menos itens a dispensar e também a devolver.

Na visão de Arauna há também um ganho de produtividade e eficiência em toda a cadeia, gerando maior qualidade, bem-estar e segurança ao paciente.

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