20 de outubro de 2021
Demência: o que é, sinais e cuidados

Apesar da palavra ser utilizada popularmente em tom pejorativo, demência é um processo neurológico que ocasiona perda de certas funções nos indivíduos que possuem essa condição. Ou seja, a capacidade de desenvolver ações simples e cotidianas com naturalidade é progressivamente enfraquecida.
Aspectos como a linguagem, a memória e a orientação espacial são algumas das funções diretamente afetadas. Isso significa que a demência é uma doença que acarreta prejuízos diretos à autonomia do indivíduo, tornando-o dependente da ajuda de outras pessoas para realizar atividades simples, conforme explicou a geriatra da S.O.S. Vida, Dra. Fernanda Reis, em entrevista à Rádio Educadora.
“Aquele paciente que vem perdendo a memória – queixa-se de falta de memória –, associada a uma piora cognitiva, com perda de funcionalidade – ele deixa de fazer coisas que fazia no seu cotidiano –, nós classificamos como demência, possível Alzheimer”, explica a geriatra.
Um problema mundial
Um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que mais de 55 milhões pessoas em todo o mundo vivem com demência. Para os próximos anos um aumento nesse dado é esperado, sendo 78 milhões o número estimado em 2030 e 139 milhões em 2050.
Segundo a OMS, 1,6 milhões de pessoas vieram a óbito em 2019 devido a demências, incluindo a doença de Alzheimer.
Em alguns casos o envelhecimento pode ser um alto fator de risco para o declínio cognitivo, porém o surgimento de quadros de demência não é inerente à velhice.
Leia também: Alzheimer: Diagnóstico precoce é essencial para melhor qualidade de vida do paciente

Fatores de Risco
O Relatório global da OMS sobre a resposta da saúde pública à demência aponta que existem fatores de risco e proteção que afetam a saúde cognitiva dos adultos.
Entre os fatores de risco descritos pelo relatório estão:
- Inatividade física
- Dietas não saudáveis
- Uso de tabaco
- Consumo nocivo de álcool
Já os fatores de proteção abrangem desde o “acesso à educação formal, emprego e outras oportunidades de estimulação cognitiva, atividade física e conexão social”.
A Dra. Fernanda Reis aconselha a adoção de medidas que favoreçam a manutenção da autonomia da pessoa, como as voltadas ao fortalecimento muscular.
“O envelhecer faz parte, mas temos que ter consciência do nosso envelhecer saudável. Não é forma de bolo, cada paciente é um paciente, mas podemos adotar medidas para cada vez mais termos essa autonomia garantida. As duas principais coisas que a gente sempre vem discutindo e orientando é, principalmente, uma atividade física regular, resistiva, que fortaleça a musculatura; uma dieta balanceada e rica em proteínas, justamente para não perder a massa magra”.
Sinais de Alerta para Demência
Um quadro de demência só pode ser estabelecido por um profissional médico, contudo é possível observar alguns sinais que podem apontar para um possível quadro de declínio cognitivo, ajudando a antecipar a ida ao médico para que uma análise profissional possa ser feita.
- Esquece de acontecimentos ou informações importantes;
- Dificuldade para realizar tarefas habituais;
- Dificuldade de linguagem ou para encontrar as palavras certas;
- Episódios de desorientação em relação ao tempo ou lugar;
- Tomada de decisões inadequadas ou estranhas;
- Dificuldade em acompanhar as coisas/
- Esquece onde deixou as coisas ou coloca objetos em lugares estranhos;
- Variações de humor e comportamento;
- Problemas com imagens, cores ou percepção espacial;
- Perda de interesse no trabalho ou nas atividades sociais.
Se você tem observado alguns desses sinais em si mesmo ou em alguém próximo, é importante buscar assistência médica quanto antes, para que esses sinais sejam investigados mais profundamente por um especialista.
A demência é uma doença para qual ainda não existe cura, porém existem tratamentos que podem atenuar os impactos da doença na vida do indivíduo, garantindo sua segurança e parte de sua autonomia.