9 de julho de 2021
10 recomendações contra a Covid-19 baseadas em evidências | Choosing Wisely

A velocidade e letalidade do Coronavírus resultou em mudanças rápidas e contínuas nas práticas médicas para o tratamento da doença. O aprendizado e as vacinas impactaram positivamente o combate a Covid-19. Apesar disto, diversos países vêm enfrentando ondas repetidas de crescimento de casos e de óbitos.
Diante disto, a iniciativa internacional Choosing Wisely reuniu 10 abordagens práticas orientadas para pacientes e médicos que são de fácil execução. As iniciativas são baseadas em evidências científicas e buscam proteger as pessoas da Covid-19, otimizado recursos importantes.
“Práticas equivocadas, tanto por parte das pessoas quanto dos profissionais da saúde, podem trazer sérios danos à saúde e contribuir para a manutenção do crescimento da doença. O grande mérito da lista da Chooosing Wisely é validar, através de investigação científica, que medidas simples com máscara e distanciamento são eficazes para nos proteger”, destaca Monique Lírio, infectologista da S.O.S. Vida.

A lista de recomendações pode ser encontrada no site da revista Nature Medicine, publicação reconhecida internacionalmente que reúne artigos e estudos científicos interdisciplinares contribuindo para a pesquisa médica.
RECOMENDAÇÕES PARA PACIENTES
- Use máscaras (ajustadas ao seu rosto, cobrindo totalmente a boca e o nariz) sempre que em público
- Evite aglomerações e locais sem circulação adequada de ar
- Faça o teste se tiver sintomas de COVID-19, e isole-se em casa se os sintomas forem leves
- Procure ajuda médica se você tiver dificuldade em respirar, se sua saturação de oxigênio cair para menos de 92%, em caso de febre ou tosse persistentes
- Vacine-se assim que possível, seguindo os critérios de elegibilidade do Programa de Vacinação, mesmo que você já tenha tido Covid-19
ORIENTAÇÕES PARA MÉDICOS
- Não prescrever terapias não comprovadas ou ineficazes contra a Covid-19
- Não indique rotineiramente drogas como remdesivir e tocilizumab
- Use esteróides com prudência apenas em pacientes com hipóxia, e monitore a glicemia
- Não ignore o manejo de doenças críticas não-COVID-19 durante a pandemia
- Não execute rotineiramente investigações que não orientam tratamento
Confira a listas das recomendações com os comentários explicativos.
RECOMENDAÇÕES PARA PACIENTES
Use máscaras (ajustadas ao seu rosto, cobrindo totalmente a boca e o nariz) sempre que em público
Estudos observacionais mostraram que o risco de infecção foi significativamente reduzido com máscaras faciais.
Evite aglomerações e locais sem circulação adequada de ar
Estudos observacionais mostraram que o risco de infecção foi significativamente reduzido com o distanciamento físico superior a 1 metro.
Manter a ventilação adequada abrindo portas e janelas é uma medida importante para diminuir a propagação da infecção.
Faça o teste se tiver sintomas de COVID-19, e isole-se em casa se os sintomas forem leves
O teste precoce e o isolamento em casa são recomendados se alguém apresentar sintomas de COVID-19, como febre, dor de garganta, tosse, perda do olfato e / ou paladar.
Se alguém tiver esses sintomas e não tiver acesso a teste confiáveis, o diagnóstico sindrômico pode ser feito. A maioria dos pacientes pode ser tratada em casa e se recuperar bem com monitoramento regular da temperatura e saturação de oxigênio.
Procure ajuda médica se você tiver dificuldade em respirar, se sua saturação de oxigênio cair para menos de 92%, em caso de febre ou tosse persistentes
Alguns pacientes precisarão de avaliação em ambiente hospitalar
Vacine-se assim que possível, seguindo os critérios de elegibilidade do Programa de Vacinação, mesmo que você já tenha tido Covid-19
Vários estudos demonstraram a eficácia das vacinas aprovadas na prevenção infecção pela Covid-19 e de reduzir a mortalidade e casos de doença grave. A vacinação permanece uma estratégia extremamente eficaz em nível populacional para a prevenção e mitigação de COVID-19. Esta recomendação se aplica mesmo se alguém teve COVID-19 no passado.

ORIENTAÇÕES PARA MÉDICOS
Não prescrever terapias não comprovadas ou ineficazes contra a Covid-19
Não há dados no momento para apoiar o uso de favipiravir, ivermectina, azitromicina, doxiciclina, oseltamivir, lopinavir – ritonavir, hidroxicloroquina ou preparações fitoterápicas no tratamento de COVID-19. Nenhum destes é atualmente recomendado pela OMS. Esta lista precisará ser revisada à medida que novas evidências surgirem.
Não indique rotineiramente drogas como remdesivir e tocilizumab
O tocilizumab pode ser útil em pacientes recebendo esteróides e mantendo sinais de inflamação e necessidades crescentes de oxigênio. O uso em outras situações clínicas não é comprovado.
O Remdesivir pode ter eficácia em encurtar o tempo de recuperação em adultos quando administrados precocemente a pacientes que requerem oxigênio em alguns ensaios, mas não em outros. Não diminui mortalidade e não é indicado em outras situações clínicas.
Use esteróides com prudência apenas em pacientes com hipóxia, e monitore a glicemia
Ensaios clínicos randomizados mostraram benefícios com o uso de esteroides de curta duração (5 a 10 dias), como
Dexametasona (6 mg por dia) em pacientes com COVID-19 que requerem oxigênio. Os esteróides não trazem benefícios e podem prejudicar os pacientes que não precisam de oxigênio.
Não ignore o manejo de doenças críticas não-COVID-19 durante a pandemia
Vários estudos têm demonstrado que o cuidado de doenças como câncer, tuberculose e doenças cardíacas e renais doenças e condições como saúde mental, parto, cuidados perinatais e imunização infantil, ficaram negligenciados durante a pandemia.
Não execute rotineiramente investigações que não orientam tratamento
Utilizar, de maneira racional, tomografias computadorizadas de tórax, escores tomográficos ou biomarcadores inflamatórios como ferritina, IL-6, LDH e procalcitonina para classificar a gravidade de COVID-19 ou para orientar o tratamento.

SOBRE A CHOOSING WISELY
A iniciativa Choosing Wisely busca promover conversas entre pacientes e médicos com o objetivo de evitar intervenções médicas desnecessárias, seguindo a missão de ajudar na escolha dos cuidados baseados em evidências, isentas de danos e verdadeiramente necessárias.
Seguindo a mesma ideologia, o projeto Choosing Wisely for Covid-19 reuniu especialistas de diversas áreas (saúde pública, epidemiologia, clínica geral, atenção primária, doenças infecciosas, virologia, cuidados intensivos, medicina interna, pneumologia, pediatria, oncologia, economia da saúde, pesquisa clínica, ciência da implementação e política de saúde) para identificar as ‘melhores opções’ de cuidados para o público em geral, pacientes e médicos.
Saiba mais no site da organização: https://www.choosingwisely.org/
