17 de abril de 2021
Covid-19: O que podemos esperar da segunda onda? | Webinar
O Brasil ultrapassou, em novembro, o número de 6,336 milhões casos de Covid-19 e mais de 173 mil mortes. A curva da pandemia atingiu seu pico nos meses de julho a setembro, seguido por uma tendência de queda.
Porém, nas duas últimas semanas de novembro, a curva de casos e mortes voltou a subir em todos os estados e, em alguns casos, houve aumento significativo na ocupação de leitos de UTI, que são necessários para o tratamento dos casos mais graves. Ligando um alerta para o início de uma segunda onda, assim como a vivenciada na Europa e EUA.
Os infectologistas Monique Lírio e Matheus Todt irão tratar do assunto no webinar “Covid-19: O que podemos esperar da segunda onda?”, que acontecerá no dia 9/12 (quarta) às 19h30, transmitido ao vivo no canal do YouTube da S.O.S. Vida.
O evento será moderado pela médica Marta Simone Sousa, gerente da S.O.S. Vida (SE).
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Relaxamento das medidas protetivas
A queda dos casos criou uma falsa sensação de que “o pior já passou”, que foi seguida por desrespeito e relaxamento das medidas de proteção por parte da população, principalmente pela redução do distanciamento social. Como consequência temos a retomada do crescimento do contágio.
A infectologista Monique Lírio aponta que, para que se possa esperar que a Covid-19 apresente um comportamento mais estável, é necessário que haja um certo grau de imunidade coletiva (ou de rebanho) e que seja seguida da adoção de medidas para frear a disseminação do vírus por parte da população, mas esse alicerce é muito instável.
“Ele se sustenta com as pessoas seguindo com determinados cuidados, como o distanciamento social, medidas de higiene e evitar aglomerações. Qualquer mudança de comportamento por parte da população pode gerar um novo aumento. Então, é possível que ainda leve um tempo para que se chegue nessa estabilidade”, analisa.
A questão da imunidade coletiva é algo distante. Estudos sugerem que uma parcela significativa da população parece ainda não ter tido contato com o vírus. Em alguns países europeus, estima-se que a soroprevalência (a porcentagem de pessoas que apresentam anticorpos contra o Sars-CoV-2) esteja abaixo dos 15%. Na prática, isso significaria que os 85% restantes ainda estão vulneráveis à Covid-19.
Além disso, a soroprevalência e o papel dela na pandemia ainda é muito incerta. Não se sabe, por exemplo, quanto tempo dura uma eventual imunidade contra a Covid-19 ou se todos os acometidos geram uma resposta parecida do sistema de defesa.
O aumento dos casos se espalha pelas capitais e por cidades pequenas do interior, algo que traz bastante preocupação, de acordo com o infectologista Matheus Todt.
“Não é como no começo da pandemia que pessoas com mais poder aquisitivo eram infectadas. Não temos a disponibilidade de tantos leitos de UTI, que já estão ficando abarrotados. O cenário mostra que, nesse novo pico, nós podemos ter um momento de mais mortes do que no primeiro. É preciso retomar os cuidados de prevenção”.
O médico reforça o alerta para a manutenção dos cuidados básicos e da importância do distanciamento social.
“É possível inferir que haja uma relação desse aumento com as aglomerações, pois é sabido que eventos com muitas pessoas próximas, que não estão protegidas, são chamados de supertransmissores por aumentarem a velocidade de expansão da doença”, explicou o infectologista.
Temos uma segunda onda de Covid-19?
Dr. Matheus Todt discute sobre o uso do termo “Segunda Onda”, já que, segundo o médico, só seria possível chamar dessa maneira se o Brasil tivesse conseguido finalizar a primeira onda. Mesmo assim, o efeito pode ser desastroso, ainda mais se somado a um comportamento displicente das pessoas.
“É um novo pico que surge sem que tenhamos superado o primeiro. E é isso que torna a situação mais preocupante ainda, pois a gente não vê mobilização em termos de saúde pública para abrir mais vagas nos leitos de UTI. O cenário que se apresenta é de um pior segundo momento do que o primeiro”, alerta.
Independente da segunda onda ou não, a médica Marta Simone, moderadora do debate, coloca que todos os estados do país devem olhar os números com bastante atenção.
“Este é um momento grave. Enquanto as vacinas não estão disponíveis, precisamos nos manter em alerta mantendo os cuidados básicos de prevenção. E como profissionais de saúde, temos responsabilidade em dobro para conscientizar a população desses cuidados. Esse é o objetivo do nosso webinar”, finaliza a médica.