17 de abril de 2021

Coronavírus: Os impactos do distanciamento e do isolamento social na saúde mental das pessoas

A eficácia do isolamento social como medida de prevenção a contaminação pelo novo coronavírus é aconselhada e defendida por instituições de saúde como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde do Brasil.

Muito tem-se discutido sobre o impacto de tal medida em outras dimensões sociais, como na economia. Contudo, é necessário considerar também a dimensão da saúde mental das pessoas nesse novo contexto, uma vez que a medida do distanciamento e do isolamento social afeta aspectos e comportamentos com os quais estávamos acostumados.

O Brasil é um país onde as interações interpessoais cotidianas são mediadas pelo toque: apertos de mãos, abraços e beijos são comuns e socialmente aceitos pelas pessoas.

Nesse sentido, um cenário onde a distância e o isolamento precisam ser adotados, pode ter consequências negativas para saúde mental dos indivíduos. Esse impacto pode ser agravado, ainda, pelas incertezas socioeconômicas que se intensificam em um momento de crise humanitária.

Em entrevista ao TVE Notícias – Bahia, Cláudia Cruz, psicóloga da S.O.S. Vida, explica que essas incertezas geram sofrimento e preocupações, pois os riscos gerados pela atual crise são reais. Já o isolamento social provoca uma ruptura abrupta na rotina natural da vida, que precisa ser reconfigurada nesse momento.

“A crise faz com que a gente lide com perdas e, esse isolamento, considerando que crescemos numa cultura do abraço, do beijo – e isso é significativo para nós, seres humanos, e para nós brasileiros especificamente – traz um impacto muito grande. Então, percebemos que muitas pessoas se queixam de quadros de depressão e o nível de ansiedade normalmente se eleva”, explicou a profissional.

Assista à entrevista completa no TVE Notícias

Lidando com uma nova realidade

Para lidar com essa nova realidade é importante adotar algumas práticas que torne o processo e o ambiente familiar mais leve. Adotar uma rotina que não seja engessada, e até mesmo envolver as crianças nos trabalhos domésticos para que elas se sintam úteis ao participar, são algumas das estratégias que podem ser tomadas, explicou a profissional.

“A gente precisa lidar com essa realidade: a gente precisa ter as informações, mas precisamos filtrar essas informações para que isso não gere uma sobrecarga, não traga um estresse muito grande.

Podemos promover em casa, momentos diferentes, momentos em que a gente possa ter prazer, fazer coisas que gosta, incentivar as crianças a realmente brincar”, aconselhou a psicóloga.

É necessário ressignificar o confinamento e tratar as relações pessoais com mais cuidado. Pensar nessas estratégias pode nos ajudar a construir um relacionamento saudável com o outro, nesse momento tão complexo como o que enfrentamos atualmente.

“É o momento de ressignificar, é o momento de olhar pra o outro, de poder consertar o que não estava bom, o que precisa ser ajustado, pra que nossa relação possa ser mais saudável”, salientou.

Mantenha-se ativo

Criar formas de manter-se ativo é uma atitude necessária nessa fase complexa.  É importante criar formas de manter-se ativo, tanto em relação ao corpo – alimentação, exercícios, hidratação e sono regular -, quanto a mente.

Algumas pequenas atitudes podem trazer benefícios imensos para esses momentos de afastamento social .  Mas vale lembrar que não é necessário exageros ou cobranças excessivas, que podem trazer mais malefícios do que benefícios .

1. Interação virtual – Mantenha contato com as pessoas próximas através de chamadas de vídeo ou ligações telefônicas.  Essa medida ajuda a diminuir a sensação de distanciamento.    Vale até mesmo marcar atividades em grupo através de aplicativos de videoconferência.

2. Planeje seu tempo – Gerencie a vontade de fazer tudo ao mesmo tempo.  Elabore as tarefas e faça com calma, para que elas não se esgotem muito rapidamente.  Dedique-se também a atividades prazerosas, como ler ou escutar música.

3. Evite pânico – Atitudes com estocar comida ou espalhar más notícias não tendem a ser positivas, apenas causa a sensação de pânico que pode “contaminar” as pessoas próximas.

4. Seja criativo – Utilize a internet e redes sociais para buscar outras ideias para fugir da rotina.  Uma receita nova para o almoço, uma dica de jogo entre família, conhecer novos autores ou bandas, enfim, são pequenas opções que ajudam a quebrar a rotina.

Leia também: Alimentação e hábitos saudáveis fortalecem o sistema imunológico durante o isolamento

O egoísmo em tempos de quarentena

Apesar da eficácia do isolamento social, temos visto muitos exemplos de pessoas que desrespeitam o isolamento e outras regras de precaução como o uso da máscara, mostrando a dificuldade de pensar no bem estar do coletivo.

Cláudia Cruz argumenta que algumas dessas pessoas podem ser consideradas egoístas, demonstrando uma tendência a pensarem que as suas opiniões, gostos e escolhas são melhores para si e para os outros.

Dessa forma, desrespeitar uma ordem de distanciamento social e isolamento pode ser tanto fruto dessa natureza egoísta, quando de uma reação ao desconhecido: como a cultura brasileira é recheada de proximidade, viver o oposto disso parece absurdo e até difícil.

“A preocupação é quando esse questionamento deixa de ser pela via da busca pelo entendimento/aceitação e passa a ser uma resistência à adesão às recomendações. Tal situação pode gerar conflito e um clima de insegurança”, diz.

A psicóloga conversou com Marcela de Mingo, jornalista do Yahoo. Confira a matéria completa: O egoísmo em tempos de quarentena.

Psicóloga Cláudia Cruz

Como lidar com o medo da morte

Além dos riscos à saúde e o bem-estar, o Coronavírus trouxe consigo uma série de incertezas à diversas ordens da vida, produzindo crises fora do campo da saúde. Essas crises paralelas podem agravar ainda mais os medos relacionados ao vírus, como o medo de ser infectado e o medo da morte.

Para tratar desse assunto, a psicóloga Cláudia Cruz, profissional da S.O.S. Vida, foi convidada pelo jornalista Jorge Gauthier para participar da live Saúde e Bem-Estar, promovida pelo Jornal Correio, para falar sobre o tema “Como lidar com o medo da morte?”.

Covid-19 força adaptações nas celebrações de fim de ano

Será possível festejar sem abraçar, beijar e aglomerar? Em 2020, todas as celebrações de Natal e fim de ano precisarão passar por adaptações por conta das medidas preventivas impostas pela pandemia de Covid-19. Celebrar em pequenos grupos, uso de máscara obrigatório e distanciamento são obrigatórios.

Em meio a tantas mudanças, como fica nossa saúde mental?  Esse foi o tema da conversa de Cláudia Cruz, psicóloga da S.O.S. Vida, com a Pamela Lucciola, apresentadora do programa Band Mulher.

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