17 de abril de 2021
Jovens podem ser vetores de transmissão do coronavírus | Entrevista ao Bom Dia Sergipe
Com o início da segunda onda de contaminação do coronavírus, tem se percebido um aumento no número de casos confirmados na população mais jovem.
Após atingir o pico da curva de contaminação pelo coronavírus, houve uma queda no número de novos casos. Agora, esse índice mostra um aumento e os jovens podem ter um papel central nesse crescimento.
Embora a população mais jovem, de uma maneira geral, não se enquadre nos grupos considerados de risco para o desenvolvimento da forma mais grave da doença, há a preocupação de que eles possam atuar como vetores de contaminação, contribuindo com o avanço do vírus na sociedade.
Esse crescimento tem sido considerado por alguns como a segunda onda, contudo, existe a discussão de que ainda não passamos pela primeira, uma vez que não houve um controle real do número de casos, conforme explica o infectologista Matheus Todt, entrevistado no telejornal Bom Dia Sergipe.
Clique aqui para assistir à entrevista completa no Bom dia Sergipe.
“Nós questionamos muito se isso é primeira ou segunda onda; o fato é que vínhamos no número alto de casos e houve um novo aumento. Não chegamos a ter um controle como os países europeus tiveram para configurar uma segunda onda. Mas o fato é: primeira, segunda onda – ou o que seja –, estamos tendo um aumento expressivo no número de casos”.
O especialista explica que, na Europa, pelo fato dos jovens terem mostrado um comportamento menos rigoroso com as medidas de proteção, eles acabaram atuando como vetores dos vírus, sendo contaminado na rua e levando para suas casas, o que expôs as pessoas mais vulneráveis ao coronavírus. Esse comportamento está sendo observado também no Brasil.
A partir da flexibilização das medidas restritivas no Brasil, a população passou a relaxar as medidas de proteção – uso de máscara, lavagem das mãos com frequência, distanciamento social e evitar aglomerações.
Esse cenário pode proporcionar uma sobrecarga no sistema de saúde, e o comportamento da população mais jovem está ligado a essa situação jovens, menos pela necessidade de internação de pacientes de menor faixa etária, e sim pela contaminação de pessoas mais velhas e/ou que fazem parte do grupo de risco, causada em alguns casos pelo contato com um jovem assintomático que carrega o vírus da rua para casa.
O jovem não termina sendo o responsável direto pela sobrecarga do sistema de saúde, mas é um responsável indireto – se ele está infectando pessoas vulneráveis.
Temos um aumento expressivo no número de casos graves – claro que são majoritariamente pessoas mais velhas, com comorbidades – mas que tem um jovem por trás, muito possivelmente, levando essa contaminação, e não temos para onde levar esse paciente.
É uma situação complicada porque o único tratamento que nós sabemos ser eficaz, que é efetivo para esses pacientes mais graves, é dar um bom suporte na UTI e não estamos tendo esse suporte nesse momento.
Nesse momento de fim de ano, de festas em família, Dr. Matheus explica que é preciso cautela. O ideal é que as celebrações sejam feitas apenas com as pessoas do núcleo familiar, para reduzir os riscos de contaminação pelo coronavírus.
“Se tivermos mais cuidado agora, mais cedo voltaremos ao que consideramos como normal. A evolução da doença está, em parte, em nossas mãos.
Se adotarmos as medidas: isolamento social, evitar aglomerações, usar a máscara, ter higiene criteriosa das mãos, mais cedo nós voltaremos ao normal e com menos perdas possíveis” aconselha o especialista.
O que podemos esperar da segunda onda?
Os infectologistas da S.O.S. Vida, Matheus Todt e Monique Lírio, realizaram um webinar abordando temas relacionados ao aumento do número de contágios de Covid-19 nas últimas semanas.
Confira ao vídeo completo do evento, que foi moderado por Marta Simone Sousa, gerente da S.O.S. Vida (SE).