17 de abril de 2021
II Encontro de Home Care Aracaju: Confira entrevista com Dra. Christina Ribeiro, do Hospital Albert Einstein, que abrirá os trabalhos do evento
“O Ciclo do Cuidar: do hospital ao domicílio” será o tema do II Encontro de Home Care Aracaju, que acontecerá no dia 7 de abril, a partir das 19h, no Celi Praia Hotel. Especialistas convidados vão discutir assuntos como ‘Tendências e desafios da gestão de leitos’ e ‘Judicialização no setor de saúde’.
A médica Christina Ribeiro, do Hospital Albert Einstein (São Paulo), abrirá os trabalhos do evento, que é uma promoção da S.O.S. Vida, empresa pioneira em atenção domiciliar na Bahia e que possui filial na capital sergipana. A seguir, você confere uma entrevista feita com a especialista.
1) Como seria esse ciclo do cuidar, do hospital ao domicílio?
É um conjunto dinâmico de cuidados que um paciente recebe desde sua admissão no hospital, durante sua permanência, tratamento e recuperação ou melhora clínica, até sua possibilidade de alta hospitalar e continuidade dos cuidados em seu domicílio.
2) Que papel o hospital desempenha nesse ciclo?
O hospital recebe o paciente com um quadro clínico agudo ou instável, estabelece o tratamento mais indicado, clínico ou cirúrgico, acompanha sua evolução, através de sua equipe de profissionais, recursos diagnósticos e de suporte, monitora sua evolução, oferece e orienta cuidados específicos e atua no preparo para a alta hospitalar, com o plano de cuidados, que deverá seguir no domicílio ou em outras unidades de saúde ambulatoriais, se o estado do paciente permitir.
3) Quais os cuidados que o hospital deve ter nesse ciclo?
Os cuidados de somente admitir pacientes que realmente necessitam de tratamento hospitalar, estabelecer um plano de cuidados compatível com as necessidades do paciente, minimizar todos os riscos potenciais do ambiente hospitalar, como quedas, lesões, infecções, depressão, entre outros. É importante que as equipes médica e multiprofissional tenham uma boa comunicação entre si e com o paciente e familiares, para que todos saibam sobre diagnóstico, evolução clínica, detalhes da programação assistencial e as perspectivas do tempo provável de permanência hospitalar. O cuidado técnico adequado, o acolhimento e a interação dos profissionais com o paciente têm papel fundamental em sua adesão ao tratamento e redução do tempo de permanência hospitalar.
4) Em que momento acontece essa transição do hospital ao domicílio?
Quando o paciente começa a apresentar estabilidade clínica, deve-se dar início ao planejamento de alta, ou seja, elencar todas as necessidades de cuidado do paciente e estabelecer um plano de atenção gradativo, para que ele se recupere com segurança no ambiente hospitalar e já tenha a perspectiva sobre o que vai necessitar saber e realizar para viabilizar a alta hospitalar e a continuidade de atenção no pós-alta da internação hospitalar.
5) Quais os cuidados que se deve ter na transição?
O paciente deve ter condições clínicas para a alta hospitalar. Este e sua família devem estar bem orientados sobre a necessidade de cuidados após a alta hospitalar. O paciente pode ser portador de doenças que tendem a reagudizar, caso não sejam bem controladas, portanto na transição não pode ocorrer desconhecimento sobre o que deveria saber e dispor em seu domicílio, para que não corra o risco de apresentar nova instabilização clínica e ter que retornar para o hospital, com quadro até mais grave do que o anterior.
6) Qual a importância do atendimento domiciliar nesta transição?
A atenção domiciliar é uma ferramenta segura para a desospitalização. Grande parte dos pacientes portadores de condições crônicas, com maior dependência de cuidados técnicos continuados, necessitam receber estrutura de atenção domiciliar para que possam receber alta hospitalar com segurança. A ausência deste recurso pode acarretar longa permanência hospitalar, suspensão de altas por reagudizações clínica, maiores custos assistenciais, depressão do paciente e até quadros de afastamento de familiares do hospital, com a contratação exclusiva de cuidadores.
7) Quais as vantagens ou benefícios que o atendimento domiciliar pode trazer?
Viabiliza a alta hospitalar de pacientes clinicamente estáveis. Oferece atenção especializada de profissionais e de tratamento de acordo com a necessidade de cada paciente. Mantem o vínculo do paciente com seu médico titular. Oferece a possibilidade de treinamento do paciente quando possível e de seus familiares e cuidadores, para que possam dar continuidade aos cuidados quando não mais forem necessários procedimentos técnicos especializados. O paciente se recupera com segurança e maior conforto em seu domicílio e na companhia de seus familiares. No caso de reagudizações, os serviços de atenção domiciliar dispõem de atendimento de urgência/emergência, o que poderá evitar, ou melhor indicar, a necessidade de reinternações hospitalares.
8) Qual o papel que o atendimento domiciliar deve ter nesta transição?
Papel fundamental, desde o início, quando a equipe avaliadora do serviço de atenção domiciliar visita o paciente no hospital e também seu domicílio, antes da alta hospitalar. O dimensionamento adequado da estrutura de cuidados, que será necessária para a continuidade da atenção, a elaboração do plano de atenção, composição da equipe, que será responsável pelos cuidados, a logística, a comunicação e esclarecimentos sobre o que será oferecido, a assertividade desde o transporte até o domicílio, pontos de extrema importância para o sucesso da transição do hospital para o domicílio e para a continuidade do processo e a obtenção dos resultados na nova fase de cuidados.