17 de abril de 2021

Fumaça da fogueira e dos fogos de artifícios podem agravar quadros de Covid-19

Especialistas alertam que tradição junina deve ser evitada nesse São João por conta do risco de desencadear doenças respiratórias e crises alérgicas.

A fogueira e os fogos de artifícios não são bem-vindos neste São João. Por conta da pandemia do novo Coronavírus, algumas cidades, como Juazeiro e Camaçari, proibiram essas tradições juninas na festa desse ano.

Outros municípios não chegaram a vetar, mas recomendam que a população não acenda fogueira ou solte fogos. De acordo com especialistas, essas medidas são justificadas, já que a fumaça pode prejudicar a saúde de quem tem alguma doença respiratória, como a Covid-19.

“A fumaça de fogueira e o cheiro da combustão dos fogos de artifício causam irritação nas vias aéreas, podendo desencadear mecanismos biológicos que facilitam a entrada da Covid-19 no organismo ou agravar o quadro de pacientes que já estejam infectados”, explica a médica clínica da S.O.S. Vida Patrícia Bagano.

A médica Patrícia Bagano conversou com o apresentador Fernando Cabus do programa “Manhã Excelsior”. Ouça a matéria.

Por que evitar a fumaça?

Mesmo quem está com um quadro leve ou recuperado da Covid-19 pode ficar vulnerável a uma complicação por conta da fumaça, já que o novo Coronavírus atinge o sistema respiratório, deixando-o mais sensível.

Além dos pacientes com Covid-19, quem é alérgico ou tem um histórico de doenças respiratórias também deve evitar as tradições juninas, já que a fumaça é um importante fator de risco.

“Não é determinante, mas a fumaça pode desencadear falta de ar, broncoespasmo e causar uma inflamação, facilitando os quadros de alergia, como rinite e asma”, explica o infectologista da S.O.S. Vida Matheus Todt.

Infectologista Matheus Todt

Ele ressalta que nesse período de pandemia é aconselhável evitar qualquer fator que possa iniciar uma crise para não deixar a pessoa mais suscetível a doenças virais.

“Pegar outra doença pode deixar a via aérea inflamada, o que reduziria a imunidade do paciente, deixando-o mais vulnerável a outra enfermidade respiratória, como o novo Coronavírus”, acrescente o infectologista.

Doenças respiratórias

O mês de junho, quando começa o inverno no Brasil, já é um período mais propenso as doenças respiratórias, já que o tempo mais frio aumenta a umidade do ar e faz com que as partículas em dispersão aérea fiquem mais tempo viáveis. Esse ambiente é mais favorável a propagação de infecções virais, como o novo Coronavírus.

Para o infectologista, a pandemia deve complicar ainda mais esse cenário, já que o aumento de outros quadros virais vai sobrecarregar ainda mais as unidades de saúde. Os especialistas orientam que pessoas com sintomas leves evitem procurar uma unidade de saúde, pois elas podem acabar se contaminando nessas instituições ou no trajeto. A ida à emergência só é recomendada quando a febre alta por mais de três dias, falta de ar e prostração excessiva. 

“As pessoas que tem asma ou que já encontram-se infectadas por resfriados, gripes ou outras doenças respiratórias têm inflamação no sistema respiratório e aumento na produção de muco, o que favorece, sim, o contágio por Covid-19”, explica a médica clínica Patrícia Bagano. Por isso, a orientação é manter repouso, hidratação e o tratamento em casa.

Além disso, Matheus Todt ressalta a dificuldade de diferenciar essas doenças, que têm sintomas parecidos. A infecção respiratória causada pelo novo Coronavírus provoca sintomas que se assemelham aos apresentados por pacientes acometidos de outras síndromes respiratórias brandas, como a gripe e o resfriado.

Os quadros mais comuns apresentam febre, tosse seca, fadiga e dificuldade de respirar. No entanto, existe um sintoma bem característico, que é a anosmia, ou ausência de olfato, que não atinge todas pessoas, mas com sua presença liga o sinal de alerta para essa doença. 

A gripe é uma infecção aguda do sistema respiratório, provocado pelo vírus Influenza, com grande potencial de transmissão. Os enfermos costumam apresentar tosse, febre, congestão nasal, dor de garganta, dor de cabeça, fadiga e dor muscular. A maioria dos sintomas melhora depois de três a cinco dias, porém alguns podem durar um pouco mais.

Já o resfriado comum é uma infecção viral que acomete as vias respiratórias superiores (nariz e garganta), que costuma ter sintomas mais brandos do que a gripe, que desaparecem em poucos dias.

Cidades baianas pedem que turistas fiquem longe neste São João

A pandemia da Covid-19 trouxe grandes impactos para atividades ligadas ao turismo. O jornal Correio ouviu as autoridades de várias cidades do interior da Bahia tiveram que suspender as comemorações do período junino, importante fonte de atração de turistas e receitas.

Cidades como Mucugê, Santo Antônio de Jesus, Cruz das Almas e Senhor do Bonfim – cidades com forte tradição nos festejos juninos – precisaram fechar os setores de hospedagem e realizarem campanhas educativas que estimulassem as pessoas a manterem o isolamento e distanciamento social e desestimulassem as comemorações e aglomerações.

As autoridades também desestimularam as fogueiras não só pela possibilidade de aglomeração que existe, associada à tradição, mas pelo perigo que a inalação da fumaça causa no organismo.  

A médica Patrícia Bagano conversou com a reportagem do Correio, onde destacou o perigo da possível sobrecarga no sistema de saúde por conta de piora de quadros respiratórios provenientes da fumaça da fogueiras.

“Nesse período do ano, as emergências costumam receber muitos pacientes com sintomas respiratórios. Se os pronto atendimentos estiverem lotados devido aos casos da covid-19, como ficará a assistência dos outros pacientes com sintomas respiratórios?”, indagou.

Mucugê fechou todo o setor hoteleiro para evitar turistas
Mucugê fechou todo o setor hoteleiro para evitar turistas (Divulgação/https://www.correio24horas.com.br/)
Leia a matéria completa no site do Correio: Não se aprochegue! Cidades baianas pedem que turistas fiquem longe neste São João

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