11 de maio de 2021
Coronavírus: nova variante preocupa especialistas
Depois que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) identificou mutações inéditas na variante brasileira do Coronavírus, a preocupação com a taxa de transmissão aumentou entre os especialistas.
Isso porque com a alta demanda por leitos hospitalares, uma nova cepa do vírus mais contagiosa pode agravar a situação da rede de saúde.
Para a infectologista Áurea Paste, do Hospital Aliança, o aumento no número de casos ocorre principalmente devido à aglomeração de pessoas e pela falta de cuidado da população que não segue as recomendações de higiene e de manter o distanciamento social.
“A variante é um dado a mais dentro desse cenário, pois o aumento no número de casos vem acontecendo desde novembro do ano passado”.
Nova variante traz o aumento dos casos
Opinião parecida tem o infectologista da S.O.S. Vida em Sergipe, Matheus Todt. Para ele, o desleixo da população com as medidas de biossegurança, notadamente no final do ano passado e no Carnaval, foram fundamentais para a explosão do número de casos.
Sobre as novas variantes, o médico ressalta que as cepas detectadas na Inglaterra, na África do Sul, nos Estados Unidos e no Brasil parecem ser significativamente mais contagiosas, sendo capaz de infectar quase duas vezes mais que o vírus original.
“Infelizmente, estudos recentes mostram que a variante inglesa também é mais letal (mais de 50% de aumento de letalidade)”.
Sobre o aumento na contaminação entre os jovens, o infectologista destaca que as variantes não acometem necessariamente pessoas dessa faixa etária.
“O que ocorre é que como uma porção significativa de idosos já foi exposta na primeira onda, somado à vacinação prioritária dos pacientes mais velhos, contribuíram para um aumento de casos nos pacientes mais novos. Vale ressaltar que população mais jovem também tem sido mais displicente com as medidas de prevenção”.
Pacientes mais jovens
Dra. Áurea identifica uma diferença em relação aos pacientes do ano passado, quando havia muitos idosos com comorbidades graves.
“Estamos vendo agora pacientes mais jovens e com menos comorbidades, porém desenvolvendo quadros graves também”.
Para a médica, essa situação ainda não é reflexo da vacinação, que começou a ser aplicada nos grupos prioritários, incluindo os idosos.
“Esse aumento no número de jovens é porque cada vez mais pessoas se expõem ao vírus, o que gera uma maior quantidade de doentes”.
A infectologista reforça que a maior parte da transmissão se dá por via respiratória, do contato próximo entre as pessoas, por isso é importante o uso da máscara e o distanciamento social. “Superfícies e objetos contaminados também transmitem o vírus”, acrescenta a médica.
Em relação à eficácia das vacinas para essas novas variantes, Dra. Áurea destaca que os estudos ainda estão sendo feitos e que é cedo para conclusões definitivas, pois novas cepas do vírus estão aparecendo com frequência não só no Brasil, mas também no exterior.
“Até agora a vacina tem se mostrado eficaz, mas com o surgimento de tantas variantes não posso afirmar que continuarão assim”.
A médica destaca ainda que, com a pressão por leitos hospitalares, tanto na rede pública quanto na particular, o serviço de Home Care tem se mostrado importante nesse momento de pandemia.
“Com o aumento da demanda hospitalar e a necessidade que temos de desocupar leitos, o Home Care pode receber esses pacientes que ainda precisam de cuidados, mas não necessariamente no hospital. Tem sido um grande parceiro na desospitalização precoce”, ressalta a especialista.
A infectologista acrescenta que muitas vezes o indivíduo precisa apenas de fisioterapia ou oxigênio e esses serviços podem ser oferecidos na residência.
Ela finaliza dizendo que a diretoria médica do hospital tem reforçado a desospitalização e a busca pelo Home Care.
“O cuidado que a equipe multiprofissional desse serviço oferece é muito reconfortante, tanto para a equipe médica quanto para a família do paciente”.